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Ato contra desmonte das Fábricas de Cultura

Linha fina
Em seu terceiro protesto, os trabalhadores mantêm a posição contra os cortes de verbas e demissões e denunciam que a OS Poiesis trocou o diálogo pela violência
Imagem Destaque
São Paulo – Os trabalhadores das Fábricas de Cultura protestam novamente na segunda 4 na sede da Organização Social Poiesis, que administra as unidades. Cerca de 200 educadores e aprendizes estiveram no local, no centro de São Paulo, reivindicando a reintegração dos 12 profissionais demitidos, manutenção da carga horária e de todas as atividades, e não redução da jornada dos trabalhadores. Nos dias 24 e 27 foram feitas manifestações no mesmo local.

“A Poiesis não quer dialogar. Na segunda-feira passada (27), fizemos uma reunião, mas eles simplesmente disseram 'não' para todas as nossas pautas. E nesse fim de semana, mandaram a polícia despejar os aprendizes da Fábrica da Brasilândia”, disse a educadora demitida Ana Sharp.

Desde o dia 23 de junho, os trabalhadores estão em greve. Para eles, essa foi a última alternativa diante da intransigência da Poiesis. “Primeiro disseram que não ia mudar nada na gestão das unidades, mas no dia 20 de junho, admitiram que haveria cortes de verba e demissões”, afirmou Ana. Esses cortes devem afetar o atendimento de crianças e adolescentes nos ateliês, que terão redução na atividade diária de três horas para duas horas e meia, assim como o salário dos profissionais, cuja carga horária será reduzida de 80 horas para 64 horas mensais.

“Estamos em frente à sede da gestora, querendo dialogar. Esperamos que os diretores nos recebam e apresentem propostas. Não aceitamos essa postura de negação e violência”, afirmou Ana, lembrando que, no dia 22, os aprendizes que ocuparam a unidade da Brasilândia no dia anterior foram removidos à força pela Polícia Militar (PM), que não tinha mandado de reintegração de posse. Vinte estudantes foram detidos e levado ao 72º Distrito Policial (DP) e só foram liberados, com ordem judicial, na tarde seguinte. Hoje, a sede da Poiesis está cercada pela PM e por seguranças privados.

As cinco Fábricas – Capão Redondo, Jardim São Luís, Vila Nova Cachoeirinha, Jaçanã e Brasilândia – mantêm oficinas gratuitas como circo, teatro, e dança. A unidade do Capão Redondo continua ocupada, desde o final de maio, sendo a única que mantém atividades regularmente, organizadas pelos próprios aprendizes. Com a greve, as demais Fábricas estão tendo atividades esporadicamente. Nas unidades Cachoeirinha, Jaçanã e Brasilândia, os alunos estão sendo revistados ao entrar.

Em nota, a Poiesis alegou estar “aberta ao diálogo”. “A organização fez o possível para amenizar ao máximo o impacto da necessidade de reajustes de pessoal por causa da crise que afeta todo o país, inclusive o segmento da cultura. A reivindicação dos aprendizes do Capão de uma hora a mais no funcionamento da biblioteca foi atendido no dia 7 de junho, mas eles não desocuparam o local”, diz o documento.

Em relação à ocupação na unidade da Brasilândia, a OS disse considerar a ação “uma invasão, não uma ocupação”. “Portas foram arrombadas e cadeados colocados. Os funcionários foram impedidos de entrar no local. A polícia agiu dentro da lei, de acordo com parecer da Procuradoria-Geral do Estado.”

Além das Fábricas de Cultura, a entidade administra 15 Oficinas Culturais do governo estadual e os espaços culturais Casa das Rosas e Museu Casa Guilherme de Almeida. A OS tem como diretor executivo o fundador do PSDB e ex-ministro da Casa Civil do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) Clóvis de Barros Carvalho.


Rodrigo Gomes, da Rede Brasil Atual - 5/7/2016
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