Imagem Destaque
São Paulo - Em agosto de 2014, pensadores brasileiros e de outros países se reuniram em São Paulo e no Rio de Janeiro para o colóquio “Trabalho, cuidado e políticas sociais: Brasil-França em debate” para refletir sobre o lugar das mulheres e dos homens no mundo do trabalho dos dois países. As problemáticas e indagações levantadas no evento resultaram no livro Gênero e trabalho no Brasil e na França – Perspectivas Interseccionais, recém-lançado pela Boitempo Editorial (288 págs., R$ 58).
Organizado pelas pesquisadoras Alice Rangel de Paiva Abreu, Helena Hirata e Maria Rosa Lombardi, a obra reúne 23 artigos de mais de 30 pesquisadores que evidenciam diversos aspectos ligados à desigualdade de gênero especificamente nas complexas relações entre trabalho, cuidado e políticas sociais. Os textos, frutos deste intercâmbio científico entre Brasil e França, acabam conectando as articulações entre o capitalismo, o machismo e o racismo, traçando ao final um panorama desolador: apesar dos avanços conquistados rumo à igualdade e equidade de gênero, há muito pouco a ser comemorado.
Fica evidente que mesmo que as mulheres tenham espaço nas universidades e no mercado de trabalho, elas ainda ocupam posições inferiores e de menor prestígio em relação aos homens, tanto na sociedade brasileira quanto na francesa. Se analisada sob prisma racial ou de classe social, o abismo é ainda maior.
Mesmo que trate sobre realidades de dois países bem diferentes entre si em diversos aspectos, o livro deixa claro que os problemas enfrentados pelas mulheres no mundo do trabalho são globais: “As desigualdades de rendimento, a permanência das mulheres em maior percentual em atividades e empregos precários, o maior contingente em jornadas menores, a alocac¸a~o ainda concentrada em setores específicos são persistências que parecem indicar que se chegou a um teto”, afirma no prefácio a doutora em Ciências Sociais Tatau Godinho, ex-secretária de Direitos do Trabalho e Autonomia Econômica do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos.
Os capítulos são divididos em seis partes: “Entrecruzar as desigualdades”, “Medir as desigualdades”, “Trabalho e uso do tempo”, “O gênero das carreiras artísticas e científicas”, “Cuidado, dinâmicas familiares e profissionais” e “Cuidado, políticas sociais e cidadania”. À luz das teorias feministas, os textos acadêmicos abordam as mudanças do mercado de trabalho feminino, a divisão sexual das tarefas domésticas e as interfaces entre a vida profissional e familiar, o trabalho do cuidado e sua terceirização, entre outros temas.
Ainda no prefácio, Tatau Godinho resume: “(Os capítulos) Oferecem também um pensamento crítico sobre relac¸o~es capitalistas. Afinal, o mundo do trabalho na~o e´ so´ um campo de conhecimento, mas tambe´m caminho fundamental para mudar as desigualdades entre mulheres e homens”.
Gênero e trabalho no Brasil e na França – Perspectivas Interseccionais
Autores: vários
Organizadoras: Alice Rangel de Paiva Abreu, Helena Hirata e Maria Rosa Lombardi
Tradução dos textos escritos originalmente em francês: Carol de Paula
Prefácio: Tatau Godinho
Orelha: Renata Gonçalves
Quarta capa: Miriam Nobre
Páginas: 288
Preço: R$ 58,00
Coleção: Mundo do Trabalho
Editora: Boitempo
Textos de: Adriana Piscitelli, Alice Rangel de Paiva Abreu, Ana Carolina Cordilha, Angelo Soares, Antonio Sérgio A. Guimarães, Aurélie Damamme, Bila Sorj, Danièle Kergoat, Débora de Fina Gonzalez, Florence Jany-Catrice, Gabriela Freitas da Cruz, Glaucia dos Santos Marcondes, Guita Grin Debert, Helena Hirata, Joice Melo Vieira, Jules Falquet, Laís Abramo, Lena Lavinas, Liliana Segnini, Luz Gabriela Arango, Marc Bessin, Margaret Maruani, Maria Betânia Ávila, Maria Coleta F. A. de Oliveira, María Elena Valenzuela, Maria Rosa Lombardi, Monique Meron, Murillo M. Alves de Brito, Nadya Araujo Guimarães, Nathalie Lapeyre, Rachel Silvera.
Xandra Stefanel, da Rede Brasil Atual - 8/7/2016
Organizado pelas pesquisadoras Alice Rangel de Paiva Abreu, Helena Hirata e Maria Rosa Lombardi, a obra reúne 23 artigos de mais de 30 pesquisadores que evidenciam diversos aspectos ligados à desigualdade de gênero especificamente nas complexas relações entre trabalho, cuidado e políticas sociais. Os textos, frutos deste intercâmbio científico entre Brasil e França, acabam conectando as articulações entre o capitalismo, o machismo e o racismo, traçando ao final um panorama desolador: apesar dos avanços conquistados rumo à igualdade e equidade de gênero, há muito pouco a ser comemorado.
Fica evidente que mesmo que as mulheres tenham espaço nas universidades e no mercado de trabalho, elas ainda ocupam posições inferiores e de menor prestígio em relação aos homens, tanto na sociedade brasileira quanto na francesa. Se analisada sob prisma racial ou de classe social, o abismo é ainda maior.
Mesmo que trate sobre realidades de dois países bem diferentes entre si em diversos aspectos, o livro deixa claro que os problemas enfrentados pelas mulheres no mundo do trabalho são globais: “As desigualdades de rendimento, a permanência das mulheres em maior percentual em atividades e empregos precários, o maior contingente em jornadas menores, a alocac¸a~o ainda concentrada em setores específicos são persistências que parecem indicar que se chegou a um teto”, afirma no prefácio a doutora em Ciências Sociais Tatau Godinho, ex-secretária de Direitos do Trabalho e Autonomia Econômica do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos.
Os capítulos são divididos em seis partes: “Entrecruzar as desigualdades”, “Medir as desigualdades”, “Trabalho e uso do tempo”, “O gênero das carreiras artísticas e científicas”, “Cuidado, dinâmicas familiares e profissionais” e “Cuidado, políticas sociais e cidadania”. À luz das teorias feministas, os textos acadêmicos abordam as mudanças do mercado de trabalho feminino, a divisão sexual das tarefas domésticas e as interfaces entre a vida profissional e familiar, o trabalho do cuidado e sua terceirização, entre outros temas.
Ainda no prefácio, Tatau Godinho resume: “(Os capítulos) Oferecem também um pensamento crítico sobre relac¸o~es capitalistas. Afinal, o mundo do trabalho na~o e´ so´ um campo de conhecimento, mas tambe´m caminho fundamental para mudar as desigualdades entre mulheres e homens”.
Gênero e trabalho no Brasil e na França – Perspectivas Interseccionais
Autores: vários
Organizadoras: Alice Rangel de Paiva Abreu, Helena Hirata e Maria Rosa Lombardi
Tradução dos textos escritos originalmente em francês: Carol de Paula
Prefácio: Tatau Godinho
Orelha: Renata Gonçalves
Quarta capa: Miriam Nobre
Páginas: 288
Preço: R$ 58,00
Coleção: Mundo do Trabalho
Editora: Boitempo
Textos de: Adriana Piscitelli, Alice Rangel de Paiva Abreu, Ana Carolina Cordilha, Angelo Soares, Antonio Sérgio A. Guimarães, Aurélie Damamme, Bila Sorj, Danièle Kergoat, Débora de Fina Gonzalez, Florence Jany-Catrice, Gabriela Freitas da Cruz, Glaucia dos Santos Marcondes, Guita Grin Debert, Helena Hirata, Joice Melo Vieira, Jules Falquet, Laís Abramo, Lena Lavinas, Liliana Segnini, Luz Gabriela Arango, Marc Bessin, Margaret Maruani, Maria Betânia Ávila, Maria Coleta F. A. de Oliveira, María Elena Valenzuela, Maria Rosa Lombardi, Monique Meron, Murillo M. Alves de Brito, Nadya Araujo Guimarães, Nathalie Lapeyre, Rachel Silvera.
Xandra Stefanel, da Rede Brasil Atual - 8/7/2016