No Brasil, o Santander conseguiu 29% do seu lucro mundial em 2019 quando obteve resultado de R$ 14,5 bilhões graças ao esforço dos 47 mill trabalhadores da filial brasileira do conglomerado espanhol. Mesmo assim, a direção brasileira do banco está demitindo pais e mães de família em meio à pandemia do novo coronavírus.
Para justificar essas demissões, a gestão do Santander tem alegado tanto internamente quanto para a mídia que tratam-se de pequenos reajustes necessários para dar dinamismo e competitividade ao banco. A direção da instituição financeira ambém costuma alardear que preza pelo reconhecimento ao esforço de cada um e que a meritocracia é um princípio basilar que norteia as decisões da empresa.
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Meritocracia, segundo o dicionário Michaelis, é a forma de administração cujos cargos são conquistados segundo o merecimento, em que há o predomínio do conhecimento e da competência.
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O Sindicato historicamente afirma que a meritocracia tem sido utilizada como mecanismo de discriminação e injustiça, uma vez que o lucro é resultado do esforço coletivo, e do contexto econômico e social do país e do mundo. Portanto, individualizar a responsabilidade pelo resultado é uma pressão violenta que adoece e estimula a competitividade, e não a colaboração.
“A meritocracia não é a melhor maneira de gestão. O Santander, além de não enxergar isso, distorce o conceito de meritocracia, uma vez que, na prática, entre os demitidos, estão pessoas que se dedicaram anos à instituição, tiveram promoções, receberam aumento salarial, ganharam prêmios por produtividade, tiveram notas elevadas de feedback e ainda assim foram desligados com a justificativa de reajuste econômico”, denuncia Lucimara Malaquias, dirigente sindical e bancária do Santander. “Que meritocracia é essa, que pune quem se esforça e quem contribuiu para 29% do lucro mundial?", questiona a dirigente.
E quem melhor do que os próprios trabalhadores do banco para refutarem a falácia da meritocracia usada como justificativa pelo Santander para promover ou demitir? Veja no final do texto depoimentos de trabalhadores que dedicaram parte de suas vidas ao Santander e acabaram descartados em plena crise causada pelo coronavírus, quando a reposição no mercado de trabalho será praticamente impossível.
Imoral
Além da justificativa falaciosa da meritocracia para defender os demissões, o “reajuste econômico” que o Santander usou para fundamentar os cortes de empregos chega a ser imoral, uma vez que o banco se beneficiou dos repasses e medidas do governo federal ao sistema financeiro da ordem de R$ 1,2 trilhão.
“Para completar o descalabro, mesmo com a crise, o lucro do Santander só aumenta, o que lhe dá uma responsabilidade ainda maior de contribuir com a sociedade brasileira a fim de superar a crise. Esta contribuição deveria ser feita por meio da redução de juros e tarifas, aumento da oferta de crédito, fim das demissões e interrupção da cobrança excessiva e desrespeitosa de metas”, afirma Lucimara.