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Após Eduardo Bolsonaro prometer novas sanções ao Brasil, Pix entra na mira dos EUA

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FOTO: Alan Santos / PR

O deputado federal Eduardo Bolsonaro vem intensificando as ameaças de novas sanções econômicas ao Brasil, visando a anistia ao seu pai Jair Bolsonaro por meio de chantagem internacional. Logo após suas últimas declarações nesse sentido, o governo estadunidense abriu uma investigação comercial que mira o Pix.

Em documento divulgado no dia 15 de julho, o escritório do USTR (Representante Comercial dos Estados Unidos) afirma que o Brasil "parece se envolver em uma série de práticas desleais com relação a serviços de pagamento eletrônico, incluindo, entre outras, aproveitar seus serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo".

O Pix se consolidou como concorrente das empresas estadunidenses Visa, Mastercard e Amex, uma vez que se popularizou como forma de pagamento simples, rápido e livre de taxas. Além disso, a adesão massiva ao Pix comprometeu os planos da Meta com o WhatsApp Pay, serviço de transações lançado no aplicativo de mensagens em 2020.

Na avaliação de Gustavo Cavarzan – doutor em economia, técnico do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e assessor da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) – o sucesso do Pix não se enquadra em nenhum tipo de concorrência desleal. Dessa forma, possíveis argumentações dos EUA nessa linha seriam insustentáveis.

"O Pix tem ganhado terreno em cima de transações antes realizadas com cartões de crédito e débito, inclusive das bandeiras Visa e Mastercard. Nada disso me parece que pode ser enquadrado em concorrência desleal. Nesse sentido, me parece apenas uma maneira de o governo dos EUA tentar criar argumentos que possam de alguma maneira justificar a taxação dos produtos brasileiros", comenta Cavarzan.

Ataque ao povo brasileiro

De acordo com o Banco Central, em 2024, o Pix foi o meio de pagamento que mais cresceu em quantidade de transações no Brasil: 52%. No último trimestre do ano passado, ele respondeu por quase metade (47%) do total de transações de pagamento (excluídas as em espécie) realizadas no país. Diante desse cenário, uma retaliação ao Pix poderia representar um grande prejuízo para as empresas e para os consumidores brasileiros.

O ataque do governo dos EUA ao Pix é uma tentativa clara de desestabilizar um sistema que representa soberania tecnológica e inclusão financeira no Brasil. Essa é a análise de Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. "O Pix é uma conquista do Banco Central e dos trabalhadores do setor bancário, que democratizou o acesso aos pagamentos e reduziu custos para a população", afirma.

"Interesses escusos querem desmontar esse avanço para favorecer grandes operadoras financeiras internacionais. Estamos diante de uma aliança que não aceita o protagonismo do Brasil nem a autonomia dos nossos sistemas públicos. Isso enfraquece o setor bancário nacional e ataca diretamente a soberania econômica do país", analisa Neiva ao recordar que o Pix alçou o Brasil ao segundo lugar no ranking global de países com os maiores sistemas de pagamento instantâneo, atrás apenas da Índia, segundo a consultoria GlobalData.

Reação nas redes

Na manhã desta quarta-feira (16), a frase "BOLSOTRUMP CONTRA O PIX" permaneceu em primeiro lugar entre os assuntos mais comentados no X, o antigo Twitter. Em milhares de publicações, os usuários culpavam a família Bolsonaro pela ameaça que recai sobre o Pix.

Uma das imagens mais compartilhadas, gerada por inteligência artificial, exibia o ex-presidente Jair Bolsonaro com uma arma na mão, em posição de ameaça, segurando uma placa com os dizeres: Seu Pix pela minha anistia. Em outras publicações, a soberania nacional foi exaltada, reafirmando a luta pelos interesses nacionais.

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