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Ex-bancária leva Bradesco à lona na Justiça

Linha fina
Trabalhadora foi demitida de seu primeiro emprego com lesão no ombro e braço por esforço repetitivo
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São Paulo – Uma das histórias da vida profissional da ex-bancária Cristiane Alves terminou com final feliz. Nesta quarta 15, na sede do Sindicato, ela recebeu o cheque de uma ação vencida contra o Bradesco.

A trabalhadora foi admitida pelo banco em 1992, feliz pelo primeiro emprego. Mas o sonho virou pesadelo quando se deparou com a falta de condições de trabalho, contraiu LER/Dort e precisou entrar na Justiça após ser demitida.

A ação durou quase 16 anos. Tudo começou quando ela foi contratada como escriturária. Com apenas 15 anos de idade, Cristiane exercia suas funções no atendimento ao público do banco, em pé, em frente a um balcão com um computador, durante seis horas, com apenas 15 minutos de pausa. O esforço repetitivo com as digitações resultou em dores no braço e no ombro, pela falta de apoio.

A trabalhadora começou tratamento médico, e se ausentou algumas vezes, apresentando atestado médico. No entanto, não se licenciou. Em setembro de 1997 a bancária foi demitida. “No dia seguinte, a primeira coisa que fiz foi procurar o Sindicato. Tive todo o apoio e um dirigente sindical foi até o Bradesco Cidade de Deus comigo para solicitar a abertura da CAT pelo banco”, conta a bancária.

A trabalhadora teve toda estrutura do Sindicato à disposição. “Ela já era sindicalizada, isso facilitou todo o processo, uma vez que já confiava na instituição. Com a assessoria jurídica do Sindicato, podemos, hoje, comemorar a vitória dessa ação”, afirma a diretora executiva do Sindicato e funcionária do Bradesco Neiva Ribeiro.

Vida nova – Depois do desafio da reabilitação, de superar a demissão e ter forças para manter o processo em andamento mesmo com o Bradesco contestando a ação até nas últimas instâncias, a trabalhadora desabafa. “Minha maior dificuldade foi ter sido demitida com problemas de saúde e perder o que eu mais necessitava naquele momento, o convênio médico”, relata. Mas Cristiane superou o problema, mudou de área profissional e um ano e meio após sua demissão já estava em outro emprego.

Hoje, aos 35 anos, Cristiane ainda não sabe o que fará com sua indenização. Mas diz que vê avanços a respeito da questão dos mobiliários e condições de trabalho dentro dos bancos graças à luta dos trabalhadores. “Deve ter muita influência no Sindicato nesse processo”. E critica os bancos: “Hoje, o bancário é obrigado a ser vendedor”, diz a trabalhadora em relação ao principal motivo de adoecimento da categoria atualmente: a cobrança abusiva pelo cumprimento de metas.

A dirigente Neiva Ribeiro dá o recado: “Os bancários devem se sentir amparados pelo Sindicato e jamais desistir de combater injustiças e lutar pelos seus direitos”.


Gisele Coutinho – 15/8/2012

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