São Paulo – Igualdade de oportunidade não é com os bancos. O tema foi pauta da rodada de negociação da Campanha Nacional nesta terça 21 realizada entre o Comando Nacional dos Bancários e a federação dos bancos (Fenaban), sem qualquer avanço.
> Vídeo: Juvandia Moreira comenta as negociações
Os bancos insistem em perpetuar uma situação que mantém a renda média das bancárias estagnada. A diferença salarial entre homens e mulheres no setor é grande e vem crescendo ao longo das últimas décadas. Em 1994, de acordo com dados da Rais/Ministério do Trabalho, as mulheres bancárias tinham remuneração média 21% inferior à dos homens. Os últimos dados disponíveis de 2010 revelam que a diferença aumentou para 24%.
De acordo com essa última informação, o rendimento nacional médio dos homens bancários era de R$ 5.022 e das mulheres de R$ 3.811. No estado de São Paulo, essa diferença era ainda maior: as mulheres ganhavam 28,9% menos que os homens.
“Esse quadro de desigualdade é inaceitável e cobramos da Fenaban a realização de um novo censo da categoria, para que possamos avaliar como está o quadro, atualmente. Mas até isso eles se negam a fazer”, critica a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.
Desigualdade – Essa diferença salarial e de oportunidades aparece também nos Relatórios de Sustentabilidade dos bancos. No Itaú Unibanco, em 2011, as mulheres representavam 58% do quadro de funcionários, mas somente 9% dos cargos de diretoria. No Bradesco, nos cargos de gerência, por exemplo, o salário das mulheres representa 87% do valor recebido pelos homens. Nos cargos administrativos, correspondem a apenas 78% do salário dos homens.
Além da discriminação contra mulheres, o setor financeiro também não proporciona igualdade de oportunidade à população negra. No Santander, por exemplo, os cargos altos são ocupados quase que exclusivamente por pessoas brancas (97%). Negros e pardos representam apenas 0,5% cada. No Itaú Unibanco, os negros estão em apenas 6% dos cargos de gerência e não há nenhum negro na diretoria do banco.
“Não houve qualquer avanço nessa área durante a discussão com a Fenaban. É um tema que nos preocupa e vamos continuar nossa luta para que todos tenham oportunidades iguais nos bancos”, ressalta Juvandia.
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Cláudia Motta - 21/8/2012
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