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Propinoduto não se restringe aos transportes

Linha fina
Bancada do PT fez levantamento de que esquema de propinas no governo do PSDB também atinge saúde e energia
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São Paulo – A bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo, liderada pelo deputado Luiz Cláudio Marcolino, realizou levantamento que aponta a ampliação do propinoduto tucano, que incialmente referia-se apenas ao Metrô e à CPTM.

Posteriormente a esse levantamento, veio a confirmação de um ex-executivo da Siemens, na edição de hoje do jornal O Estado de S. Paulo. Em carta anônima endereçada ao ombudsman da Siemens na Alemanha e à Justiça brasileira, o ex-executivo afirma que há “práticas ilícitas também nas divisões de transmissão e distribuição de energia, geração de energia e de sistemas médicos”.

“Nós já tínhamos apontado que poderia haver irregularidade também em outros contratos firmados pela Siemens. Na Cesp (companhia de energia) são 56 contratos no total, no valor de R$ 376 milhões, na Cetep (estatal paulista de transmissão) são 72 contratos que somados representam R$ 1,16 bilhões. Na saúde, foram 25 contratos que totalizam R$ 43 milhões”, destaca Marcolino.

O deputado afirma que a prioridade da bancada petista na Alesp continua sendo a CPI para investigar todo o esquema de corrupção do governo do PSDB. No entanto, aponta que há uma pressão do governo Alckmin sobre os parlamentares para que não assinem o pedido de CPI. Segundo Marcolino, alguns parlamentares da base do governador tucano até manifestam interesse em assinar o pedido, mas revelam que recebem ordens de seus partidos para não o fazer.

Até o momento 26 assinaturas foram recolhidas. São necessárias 32 para instalar a comissão.

“Já tentamos instaurar outras comissões sobre o mesmo tema em outras vezes. Mas nunca tivemos um momento tão propício para uma CPI como este. Não há razão plausível para não assinar o pedido, já que não se trata de uma hipótese de corrupção, mas sim um fato confirmado por executivos da Siemens que confessaram pagar propinas a políticos do PSDB”, afirma Marcolino.

Por dentro do caso – A Revista Istoé publicou uma série de reportagens de capa sobre o propinoduto do tucanato. A denúncia central das matérias dá conta de que executivos da empresa alemã Siemens uniam-se a outros grupos para ganhar licitações do Metrô e da CPTM por valores acima do mercado e que pagavam propina a dirigentes tucanos.

A Siemens fez as denúncias ao Cade, órgão que fiscaliza a formação de cartéis, em troca de imunidade para si e seus executivos envolvidos nos pagamentos ilegais.

A empresa francesa Alstom também é denunciada por irregularidades similares, abastecendo os cofres do tucanato paulista. O Wall Street Journal revelou, em 2008, que as concorrentes Siemens e Alstom apresentam uma política semelhante, ao redor do mundo, de pagamento de propinas para vencer licitações. O esquema pode ter movimentado até R$ 9 bilhões.

O caso da Alstom e da Siemens também está sendo analisado pela Justiça da Suíça, da Alemanha e da França. As cortes europeias confirmam que as empresas pagaram subornos e formaram cartéis durante as gestões de Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra.


Renato Godoy – 23/8/2013

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