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São Paulo protesta contra propinoduto

Linha fina
Atos na Alesp e nas ruas pressionam governistas a assinarem CPI que investigue corrupção dos governos tucanos; faltam quatro assinaturas para instaurar comissão
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São Paulo - Bancários, químicos, metalúrgicos e integrantes de movimentos populares ocuparam a Assembleia Legislativa de São Paulo nesta quarta 14 contra o esquema de pagamento de propina a dirigentes do PSDB – que há 18 anos governa o estado – por empresários de multinacionais.

Os manifestantes pressionaram os deputados da base do governador Geraldo Alckmin a assinar um pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o esquema entre políticos do PSDB, a Alstom e a Siemens, que pode ter desviado até R$ 9 bilhões dos cofres públicos. Mais dois parlamentares assinaram, totalizando 28 adesões. Ainda faltam mais quatro para que seja instaurada a CPI do chamado “propinoduto”.

O presidente da Alesp, Samuel Moreira (PSDB), inicialmente barrou o acesso da população às galerias da casa legislativa, alegando falta de segurança. Deputados governistas fizeram coro à postura do tucano, dizendo que a intenção dos manifestantes era promover a desordem.

O deputado Luiz Cláudio Marcolino (foto abaixo), líder do PT, e seus correligionários protestaram no plenário contra a decisão. A presidência voltou atrás e liberou a entrada de parte dos manifestantes. Outra parte ficou do lado de fora sob chuva e muito frio. A tropa de choque da PM cercou toda a Assembleia Legislativa.

Os governistas impuseram outro assunto à pauta – a PEC 01, de autoria de Campos Machado (PTB) – para evitar o debate em torno da CPI. “A prioridade do dia de hoje é o debate em torno do propinoduto”, criticou Marcolino.

Além da mobilização na Alesp, houve também manifestação nas ruas. Ato convocado pelo Movimento Passe Livre e Central dos Movimentos Populares reuniu cerca de 3 mil pessoas e percorreu as ruas do centro de São Paulo na quarta-feira, pedindo maior mobilidade urbana e o fim da máfia nos transportes. A Polícia Militar reprimiu o ato em frente à Câmara Municipal e atirou contra alguns manifestantes, que foram impedidos de entrar na Casa Legislativa. Três pessoas ficaram feridas com balas de borracha e tiveram que ser atendidas por médicos da Alesp.

Cortina de fumaça – Na terça-feira 13, o governador de São Paulo afirmou que irá processar a Siemens, por esta ser “ré confessa”. Para Luiz Claudio Marcolino, ex-presidente do Sindicato, a declaração é “apenas uma cortina de fumaça para ludibriar a opinião pública”.

“A empresa é ré confessa na participação do esquema que fraudava as licitações e informou, inclusive, que havia o aval do governo do Estado. Neste momento, o que a sociedade quer saber é quem participou do esquema, quanto foi desviado dos cofres públicos e qual a dimensão do rombo”, explica Marcolino.

Números – Com os R$ 9 bilhões que teriam sido desviados dos cofres públicos, poderiam ter sido construídos 20,3 km de trilhos para o metrô, equivalente a uma Linha Azul que transporta 1 milhão de passageiros nos dias úteis. “Isso quer dizer que, sem o propinoduto, São Paulo poderia ter pelo menos 94,3 km de metrô, o que poderia desafogar e muito o aperto a que os cidadãos estão expostos todos os dias”, afirma Marcolino.


Renato Godoy - 14/8/2013

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