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Desigualdade social persiste em São Paulo

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Município está entre os 7% de todo o país que apresentaram aumento da concentração de renda na última década, segundo estudo da prefeitura
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São Paulo – O Brasil experimentou uma substancial queda do nível de concentração de renda durante a primeira década do século 21, mas não a cidade de São Paulo.

Dos 5.565 municípios brasileiros, 3.553 (63,85%) apresentaram desigualdade social igual ou maior em 2000, comparativamente a 1991. Na década seguinte, entre 2001 e 2010, houve reversão dessa tendência: 4.432 municípios (79,64%) vivenciaram diminuição da concentração de renda, muitas vezes atingindo índices menores que os calculados em 1991.

Somente 394 (7,08%) tiveram aumento na concentração de renda nos dois períodos e o município de São Paulo pertence a este grupo, com Índices de Gini passando de 0,56 em 1991, para 0,61 em 2000 e subindo para 0,62 em 2010.

Gini é o método amplamente utilizado para medir a desigualdade social. Quanto mais próximo de 1, mais desigual é a distribuição de renda. Quanto mais próximo de 0, menos desigual.

Em 2000, o grupo do 1% mais rico da população ficava com R$ 13 em cada R$ 100 ganhos na cidade de São Paulo. Dez anos depois a renda deste segmento saltou para R$ 20 em cada R$ 100 do total arrecadado – originado de salários, aluguéis e investimentos.

No mesmo período, outras camadas da população, como os 50% de menor renda, não gozaram da mesma abastança. Embora estejam ganhando mais hoje, a participação deles na riqueza distribuída na cidade retrocedeu, passando de R$ 11,65 para R$ 10,57 em cada R$ 100.

Os dados fazem parte de um levantamento inédito da prefeitura que compara os dois últimos Censos do IBGE (2000 e 2010).

O economista José Benedito Freitas, que participou do levantamento, cita diversas hipóteses para o fenômeno, como a concentração da atividade econômica no setor de serviços, que tende a criar superempregos em uma ponta e empregos de baixa remuneração em outra; o anseio da elite por viver nas grandes cidades, com mais opções de cultura e lazer; e a polarização da sociedade, com maiores ganhos nas pontas e achatamento da classe média.

Freitas ressalta que outras grandes metrópoles como Rio de Janeiro, Brasília, Recife e Porto Alegre tampouco apresentaram melhoria no seu índice de desigualdade social.

“Isso nos faz supor que as políticas sociais de transferência de renda e de valorização do salário mínimo vigente, importantes para a queda verificada no Coeficiente de Gini para o Brasil como um todo, não foram suficientes para modificar o quadro distributivo nas grandes cidades”, conclui.


Rodolfo Wrolli – 7/8/2014

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