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Amamentação no trabalho é defendida pela OIT

Linha fina
Bancárias conquistaram em 2009 direito à ampliação da licença-maternidade e agora reivindicação é pela redução da jornada para mães que amamentam
Imagem Destaque

São Paulo – Uma das reivindicações aprovadas na Conferência Nacional dos Bancários, realizada entre sexta 31 e domingo 2, é a redução de jornada, por 12 meses, para bancárias que estão amamentando. A proposta vem ao encontro da recente declaração do diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder, que acredita “fazer sentido econômico” garantir que as mães disponham de tempo e espaço para amamentação dos filhos no emprego.

Em mensagem transmitida pela Radio ONU (Organização das Nações Unidas) Ryder apontou que ações como essa valorizam os trabalhadores e que nos países pobres pode representar apoio e proteção às mulheres que acumulam serviços domésticos e na comunidade e por isso enfrentam dificuldades para amamentar. Segundo a ONU, a mulher que amamenta também falta menos ao trabalho uma vez que seu filho adoece menos.

A mensagem faz parte Semana Mundial da Amamentação, que teve início no sábado 1º, com o tema Amamentação e Trabalho. “É hora de mobilizar governos, empregadores e associações de trabalhadores para que eles atuem de forma organizada nas áreas de saúde, nutrição e igualdade de gênero”, de modo a “garantir que as mulheres amamentem durante o trabalho”, disse o diretor-geral da OIT.

A amamentação é comprovadamente fundamental para o desenvolvimento de uma criança. A recomendação da Organização Mundial da Saúde é de que até os seis meses os bebês sejam alimentados exclusivamente com leite materno.

Pesquisa do Ministério da Saúde mostrou que, no Brasil, 34% das mães de bebês com menos de um ano e que trabalham fora de casa não amamentam mais a criança. Já entre as que não trabalham fora, esse índice é menor, 19%.

De acordo com a legislação brasileira, a licença-maternidade pode durar até seis meses mas, para a maioria das trabalhadoras, é de quatro meses. Em 2009 as bancárias conquistaram o direito à ampliação para até 180 dias em Convenção Coletiva de Trabalho. A maior parte dos bancos aderiu em 2010.

Ao retornar ao trabalho, para que a amamentação seja mantida pelo menos até o 6º mês de vida do bebê, a legislação (Artigo 396 da CLT) prevê períodos de pausa no trabalho. São duas, de meia hora cada uma, que não se confundem com os intervalos normais de repouso e alimentação. A mulher pode, inclusive, combinar com a chefia para chegar meia hora depois e sair meia hora antes do horário de trabalho ou ainda acumular os períodos e tirar uma hora por dia.

Semana do Aleitamento Materno - A iniciativa que busca sensibilizar empresas sobre a importância da amamentação começou na segunda-feira 3 e prossegue até sexta 7. Além de proteger contra doenças, a prática reduz índices de obesidade infantil, infecções digestivas e respiratórias e alergias alimentares.

Estudos mostram que o leite materno é capaz de reduzir em 13% as mortes por causas evitáveis em crianças menores de 5 anos. A amamentação também ajuda o útero a recuperar seu tamanho normal, diminuindo o risco de hemorragia e de anemia. As chances de se adquirir diabetes ou desenvolver câncer de mama e de ovário também diminuem significativamente para mulheres que amamentam.

Segundo o pediatra Moises Chencinski, idealizador do movimento Eu Apoio Leite Materno e membro do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo, a estimativa brasileira de aleitamento materno exclusivo (quando o bebê é alimentado apenas com o leite da mãe) é de apenas 52 dias.

Como parte das comemorações da Semana Mundial de Aleitamento Materno, mamaços estão sendo organizados em diversas cidades do mundo. Os mamaços são manifestações para sensibilizar a sociedade sobre a importância do aleitamento materno natural. Estes eventos reúnem mulheres que estão amamentado em um mesmo local e horário para que amamentem pública e conjuntamente seus filhos (clique aqui para ver onde serão no Brasil). Eles surgiram a partir do incômodo de mulheres que se sentiam constrangidas ao amamentarem seus filhos em locais públicos.


Luana Arrais, com informações do Portal Brasil – 3/8/2015
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