São Paulo - Alguns meandros dos bastidores do capitalismo ajudam a entender como os ricos ficam cada vez mais ricos no Brasil. De uma tacada só o banqueiro José João Abdalla, conhecido como Juca Abdalla, aumentou a sua já estratosférica fortuna em R$ 1 bilhão em apenas um dia, após o anúncio de privatização da Eletrobras feito por Michel Temer.
O valor equivale a 25 sorteios da Mega Sena similares ao que vai correr no sábado 26, prevista para pagar algo em torno de R$ 40 milhões. O dono do banco Clássico, com sede no centro de São Paulo, já tinha a caixa forte abarrodada de dinheiro. Mais precisamente, R$ 5,6 bilhões. As informações são do O Globo.
O caminho das pedras não é segredo para ninguém: O banqueiro é o maior acionista minoritário individual com 12,53% dos papéis ordinários da Eletrobras. Assim que Temer anunciou que quer vender a estatal, o mercado ficou eufórico com a possibilidade de compra, fazendo com que as ações da empresa crescessem quase 50% na terça-feira 22.
A participação de Abdalla na Eletrobras só não é maior do que a da própria União (que tem 51% dos papéis ordinários), BNDESPar (13,04%).
Produção e especulação - A história da família Abdalla mostra outra faceta cruel do capitalismo: a migração do investimento produtivo para o da mera especulação financeira. Juca Abdalla é filho de João José Abdalla, empresário que enriqueceu atuando nos ramos imobiliário, de material de construção e têxtil no século passado. Na década de 1950, o grupo adquiriu a Brazilian Portland Cement tornando-se a maior fabricante de cimento no país, controlando pedreiras, usinas, minas e ferrovias que empregaram mais de 40 mil pessoas.
Lodo depois, montaram o banco, o Clássico, que não tem agências ou correntistas e emprega poucos funcionários. Seu único cliente é o próprio Juca Abdalla. A família, sempre segundo O Globo, já foi alvo de 500 processos na Justiça por irregularidades empresariais, crimes contra a economia popular e por leis trabalhistas.