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Chapéu
Discriminação

Bancos torram R$1,6 bi para vender imagem, mas discriminam mulheres e querem diminuir PLR das mães

Linha fina
Instituições financeiras investem em publicidade para mostrar que têm responsabilidade social, mas na mesa de negociação discriminam mulheres bancárias
Imagem Destaque
Arte: Seeb-SP

Atualização: a pressão da categoria e do Comando Nacional dos Bancários, em mesa de negociação, deu resultado. A Fenaban recuou da proposta de não pagar PLR integral para mulheres em licença-maternidade. Negociação continua. CLIQUE AQUI e saiba mais. 

Na propaganda publicitária, o investimento dos cinco maiores bancos (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú-Unibanco e Santander), somente no primeiro semestre, foi de R$1,6 bi.

Vendem a imagem de respeito às mulheres, mas durante a Campanha Nacional Unificada dos Bancários deste ano propõem que a PLR seja proporcional aos dias trabalhados para bancárias em licença-maternidade, além de para afastados por doença ou acidente, que recebem atualmente de forma integral.

“Na categoria bancária, as mulheres ocupam 49% do total de postos de trabalho e recebem, em média, salários 23% menores que os dos homens. Os banqueiros querem penalizá-las ainda mais propondo a redução de uma conquista adquirida durante anos, após muita luta, de toda a sociedade, que é a manutenção de seus direitos durante a licença-maternidade. Um absurdo e não vamos aceitar”, disse Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, que representa a categoria na mesa de negociação com a Fenaban (federação dos bancos).

“A ganância dos bancos em aumentar seus lucros tem adoecido bancários e prejudicado os trabalhadores”, acrescenta.

> Bancos propõem pagar PLR menor às mães em licença-maternidade

Mulheres

Na categoria bancária, as mulheres ocupam 49% do total de postos de trabalho e recebem, em média, salários 23% menores que os dos homens.

Essa realidade é ainda mais injusta quando se observa que as mulheres bancárias têm escolaridade maior que a dos bancários: 80% delas têm nível superior completo, enquanto entre os homens esse percentual cai para 74%.

Em seus Relatórios Anuais de Sustentabilidade os bancos apresentam algumas informações que ilustram a desigualdade com a qual as mulheres são tratadas nestas instituições.

No Bradesco, por exemplo, o salário médio das mulheres da área Supervisão/Administrativa representa apenas 85% do salário médio dos homens que trabalham na mesma área.

Além da diferença salarial, a injustiça se expressa também no acesso aos cargos mais altos da instituição: o Santander, por exemplo, tem 161 homens diretores e apenas 33 mulheres no mesmo nível de cargo.

Nos cargos gerenciais são 655 homens e apenas 234 mulheres. E isso em um banco que tem em seu quadro 59% de mulheres.

No Itaú a situação não é diferente. A diretoria tem 94 homens e apenas 13 mulheres.

Ainda mais preocupante é que mesmo nos bancos públicos a discriminação de gênero é latente.

A diretoria estatutária do Banco do Brasil tem 36 homens e apenas uma mulher.

Na Caixa apenas 7% dos cargos de dirigentes são ocupados por mulheres.

Tal desigualdade é fruto de uma sociedade machista e sem cultura de relações compartilhadas e o resultado é que as mulheres ficam um tempo maior fora do mercado de trabalho.

Além disso, as mulheres têm taxa de desemprego mais elevada e serão as maiores vitimas do trabalho terceirizado e precarizado.

Isso vai reforçar a extrema desigualdade do mercado de trabalho, provocando o aumento da miséria feminina, aumentando a dependência financeira das mesmas e, consequentemente, a violência contra as mulheres.

Campanha 2018

A data-base dos bancários é 1º de setembro. A categoria entregou pauta com as reivindicações no dia 13 de junho. Houve negociação nos dias 28 de junho, 12 de julho, 19 de julho (Saúde e condições de trabalho), 25 de julho (Emprego), 1º de agosto (Cláusulas econômicas), 7 de agosto (proposta de reajuste da inflação), 17 de agosto (sem proposta) e 21 de agosto (proposta de 0,5% de aumento real). Próxima negociação será nesta quinta-feira 23 de agosto.

*Texto originalmente publicado no Viomundo

Veja como foram as rodadas com a Fenaban

> 1ª rodada: Bancos frustram na primeira rodada de negociação
> 2ª rodada: Calendário de negociações foi definido
> 3ª rodada: Categoria adoece, mas Fenaban não apresenta proposta 
> 4ª rodada: Em mesa de emprego, bancos não se comprometem contra contratações precárias
> 5ª rodada: Bancos não apresentam proposta
> 6ª rodada: Bancos lucram bilhões e não querem dar aumento real
> 7ª rodada: Negociação com Fenaban continuará na terça-feira 21
> 8ª rodada: Bancos propõem reajuste insuficiente, com retirada de direitos

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