Pular para o conteúdo principal

Sob governo Bolsonaro, Caixa abandona o Nordeste

Linha fina
Até 30 de julho, a região havia recebido somente 2,2% dos R$ 4 bilhões concedidos para operações de crédito em todo o país
Imagem Destaque
Antonio Cruz/Agência Brasil

Sob o governo Bolsonaro, a Caixa reduziu drasticamente os seus investimentos no Nordeste, justamente a única região onde o presidente não venceu as eleições de 2018 (no segundo turno, Fernando Haddad teve 69,7% dos votos válidos, enquanto Bolsonaro teve 30,3%). Segundo levantamento do jornal O Estado de S. Paulo, com base nos números da própria Caixa e do Tesouro Nacional, a nova gestão do banco diminuiu a concessão de empréstimos à região a apenas 2,2% do total para o país.  Dos R$ 4 bilhões de crédito autorizados para governadores e prefeitos, apenas R$ 89 milhões, referentes a dez operações, foram destinados ao Nordeste.

De acordo com o levantamento, o volume de crédito da Caixa para o Nordeste é muito menos do que em anos anteriores.  Em 2018, R$ 1,3 bilhão foi destinado à região,  21,6% dos R$ 6 bilhões fechados pela Caixa em operações para governos regionais. Em 2017, dos R$ 7 bilhões contratados pelo banco, R$ 1,3 bilhão foi para os governantes nordestinos, 18% do total.

Segundo fontes do jornal no banco e na equipe econômica do governo, que falaram em condição de anonimato, a ordem para não contratar operações para os estados e municípios do Nordeste foi do próprio presidente da Caixa, Pedro Guimarães. 

“É um absurdo que a Caixa, o banco que nos últimos anos foi responsável pelas políticas de distribuição de renda e por financiar o desenvolvimento em regiões que no passado concentravam grande parte da fome no país, atue dessa forma discriminatória. A Caixa, em período recente, financiou o desenvolvimento em locais onde os bancos privados não tem interesse em atuar. Infelizmente, como já denunciamos diversas vezes, e que agora foi comprovado também pelo levantamento do jornal O Estado de S.Paulo, o banco tem aberto mão desse papel”, critica o diretor do Sindicato e coordenador da CEE/Caixa, Dionísio Reis.

Tratamento diferenciado

Um exemplo do diferente tratamento feito pela Caixa nos contratos pode ser observado nos pedidos de financiamento das prefeituras de São Luís (MA) e Florianópolis (SC).

Enquanto a prefeitura da capital do Maranhão fez pedido de R$ 133 milhões para obras de infraestrutura em maio e até agora não teve resposta, a capital catarinense solicitou R$ 100 milhões em julho e teve seu pedido aceito em menos de uma semana. Segundo a reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, a orientação da área técnica da Caixa era não aprovar o pedido da prefeitura de São Luís, mesmo estando tudo certo, e protelar a resposta até os documentos vencerem em 30 de junho.

“É urgente que a Caixa retome o seu papel de indutora do desenvolvimento e não se submeta a interesses políticos, revanchismos e retaliações por parte do governo Bolsonaro”, conclui Dionísio. 

seja socio