Na última semana, um caso que evidencia o racismo estrutural presente na sociedade brasileira ganhou as manchetes e foi alvo de debates nas redes sociais. Luiz Carlos da Silva, um homem negro de 56 anos, foi abordado por seguranças do supermercado Assaí, de Limeira, e teve de se despir para provar que não havia roubado qualquer produto.
De acordo com o relato de Luiz em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo, ao ser abordado pelos seguranças ao tentar sair do supermercado, no qual optou por não comprar nada devido aos preços elevados, foi solicitado para que retirasse a blusa. Quando abriu a blusa, os seguranças pediram então que levantasse a camiseta. Ainda assim, os seguranças permaneceram desconfiados e não o liberaram. Foi então que Luiz, indignado e nervoso com a situação, decidiu tirar o restante da roupa para provar, de uma vez por todas, que não havia roubado nada.
Nas imagens, é possível ver Luiz chorando durante a abordagem dos seguranças do supermercado Assaí. A vítima registrou um boletim de ocorrência por constrangimento na Polícia Civil.
“Este é mais um caso que coloca em evidência o racismo estrutural presente na sociedade brasileira. Em casos semelhantes, que não são poucos, tanto em abordagens por seguranças de comércios ou pelas forças policiais, notamos o mesmo padrão: negros e negras tratados como suspeitos."
Fernando Mattos, dirigente do Sindicato e coordenador do Coletivo de Combate ao Racismo da entidade.
“É preciso combater diariamente, de forma enfática, o racismo estrutural em todos os aspectos da nossa sociedade. Esta é uma das principais bandeiras do Sindicato enquanto entidade cidadã”, acrescenta.
Basta! Não irão nos calar
O Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região lançou, em novembro do ano passado, por ocasião do Mês da Consciência Negra, um serviço de atendimento jurídico especializado e gratuito para vítimas de racismo, injuria racial e de violência policial. A inciativa é uma ampliação do projeto Basta! Não irão nos calar, que também atende mulheres vítimas de violência doméstica e de gênero, além de pessoas LGBTQIA+ vítimas de homofobia.
O atendimento pode ser agendamento via Central de Atendimento, por chat, pelo telefone 4949-5998 ou via Whatsapp por meio do número (11) 97325-7975 (Clique aqui para falar diretamente via WhatsApp).
“O projeto é voltado para todos os trabalhadores e trabalhadoras, bancários ou não, sejam eles vítimas de racismo ou qualquer tipo de preconceito, dentro ou fora do local de trabalho. O nosso objetivo é que as vítimas tenham apoio especializado, sintam-se acolhidas, e que os responsáveis por condutas discriminatórias - sejam elas racistas, machistas ou homofóbicas - sejam responsabilizados por seus atos. O Sindicato, além de lutar na defesa dos direitos e interesses da categoria bancária, busca construir uma sociedade mais justa e com oportunidades para todos”, conclui Fernando.