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Chapéu
funcionários angustiados

Santander continua terceirizando call center, e Sindicato cobra resposta

Imagem Destaque
arte mostra funcionário com as mãos na cabeça, em sinal de desespero, enquanto sua carteira de trabalho é rasgada

Bancários do Santander denunciaram ao Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região que o banco espanhol vai terceirizar mais três áreas do call center situadas na capital paulista: Atendimento Empresas 3, Atendimento de Universidades e Atendimento Governos e Instituição. Os setores serão transferidos para a empresa terceirizada Toquefale, localizada no Rio Grande do Sul.

Os bancários afetados não sabem se serão transferidos para outras áreas ou demitidos, e devem procurar o Sindicato (veja contatos no final do texto). Em face das denúncias, a entidade entrou em contato com o banco para cobrar esclarecimentos, mas não obteve retorno.

“O Santander se comprometeu a dar retorno na segunda-feira 16, o que não ocorreu. Estamos aguardando posicionamento do banco para uma questão que está causando muita angústia aos trabalhadores envolvidos, que não sabem o que irá ocorrer com eles”, ressalta Susana Malu Cordoba, dirigente sindical e bancária do Santander.

“Importante enfatizar que o Santander teve um lucro astronômico em 2020, que ultrapassou os R$ 13 bilhões, em meio a um cenário de crise econômica e social causado pela pandemia. Mas, em contrapartida, o banco não oferece nenhum retorno à sociedade. Pelo contrário, para aumentar os rendimentos dos acionistas e os bônus dos diretores executivos, continua cobrando metas abusivas, adoecendo, demitindo, terceirizando e precarizando as relações de trabalho, o que, consequentemente, contribui para aumentar ainda mais a desigualdade social no Brasil.”

Susana Malu Cordoba, dirigente sindical e bancária do Santander

Terceirizados nos bancos chegam a ganhar 70% menos

Há anos o movimento sindical alerta para os riscos sociais e trabalhistas causados pela terceirização da mão de obra, legalizada com a reforma trabalhista aprovada no governo de Michel Temer, que ascendeu ao poder com o impeachment de Dilma Rousseff.

Segundo dossiê da CUT e do Dieese, os trabalhadores terceirizados ganham em média 24,7% menos que os contratados diretos (no setor bancário, o percentual chega a 70% menos) e têm jornadas maiores em pelo menos três horas semanais. Além disso, trabalhadores terceirizados de bancos não possuem convenções coletivas de trabalho tão abrangentes e que garantem tantos direitos quanto a dos bancários.

“Não há dúvidas de que, com a reforma trabalhista aprovada em 2017, e com a MP 1045, considerada uma ‘minirreforma trabalhista’ e em tramitação no Senado depois de já ter sido facilmente aprovada na Câmara dos Deputados, a intenção da elite econômica do país, que é muito bem representada no Congresso Nacional, é rebaixar as condições salariais e de vida da classe trabalhadora brasileira. Para isso, os donos do capital atacam frontalmente os direitos trabalhistas, visando aumentar ainda mais os seus lucros em cima do empobrecimento da população”, afirma Susana.

Bancada empresarial X bancada dos trabalhadores

Segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), tomaram posse em fevereiro de 2019, entre novos e reeleitos, 230 congressistas da chamada bancada empresarial, de um total de 594 parlamentares. São 192 deputados e 38 senadores, que representarão até 2022 os interesses do mercado e do capital no Legislativo federal. Já a bancada sindical, que representa os trabalhadores, possui apenas 33 deputados na Câmara e 5 no Senado.

“A correlação de forças entre o capital e o trabalho é extremamente desigual no Congresso Nacional, e o resultado disso é o processo contínuo de retirada de direitos e a precarização do trabalho, sempre com a justificativa de que menos direitos resultarão em mais empregos, mas é fundamental lembrar que o que gera emprego é a demanda e não o barateamento da mão de obra.”

Susana Malu Cordoba, dirigente sindical e bancária do Santander

Dois anos após a entrada em vigor da reforma trabalhista, que prometia gerar 6 milhões de postos de trabalho, o Brasil possuía 11,6 milhões de pessoas desempregadas em dezembro de 2019, portanto, antes dos efeitos da pandemia do novo coronavírus. No trimestre encerrado em maio, 14,8 milhões de pessoas estavam sem emprego. Os dados são do IBGE.

“Este cenário de retirada de direitos e precarização do trabalho com a desculpa de gerar postos de trabalho já se provou uma falácia e reforça a importância de, em 2022, votarmos em candidatos comprometidos com os direitos dos trabalhadores, e também de fortalecermos a representação sindical, se associando ao Sindicato”, afirma Susana.

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