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Ato no Centro pede CPI do Propinoduto

Linha fina
Deputados estaduais do PT realizaram caminhada e conversaram com a população sobre a necessidade de uma comissão para investigar desvios de recurso do Metrô e da CPTM
Imagem Destaque

São Paulo – Uma caminhada no centro de São Paulo, na manhã desta quarta-feira 18, promoveu uma panfletagem sobre a necessidade de uma Comissão Parlamentar de Inquérito que apure as denúncias do propinoduto tucano, esquema de corrupção que desviava verbas do transporte público estadual para políticos do PSDB.

O ato foi convocado por deputados estaduais do PT, que recolhem assinaturas para a CPI na Assembleia Legislativa. Até o momento, 27 assinaturas foram recolhidas, faltando cinco para completar as 32 necessárias para abertura da CPI.

A concentração para a caminhada foi feita em frente à sede do Sindicato. A caminhada parou para que os parlamentares discursassem em frente ao edifício na Rua Boa Vista que é sede do Metrô, da CPTM e da Secretaria de Transportes Metropolitanos.  

Em frente ao prédio das estatais paulistas, o líder do PT, Luiz Claudio Marcolino, ressaltou que as empresas possuem muitos técnicos competentes em seus quadros e deixou claro que a crítica do ato era direcionada à gestão do PSDB.

Nas falas do ato, destacou-se o impacto da corrupção no dia a dia da população, que sofre com o aperto e a escassez no transporte público. Como exemplo da morosidade, foi citada a Linha 5 do Metrô, que deve demorar 18 anos para ser concluída.

“O valor que foi desviado do Metrô e da CPTM poderia ter sido revertido em melhorias para a população que permitiriam que mais 1,2 milhão de usuários tivessem acesso ao transporte público”, afirmou Marcolino.

A mobilidade urbana é um das principais bandeiras do Sindicato Cidadão e a entidade apoiou o ato. “Os mais de 135 mil bancários de nossa base dependem da mobilidade urbana. O que se vê, na gestão do PSDB, é que eles privilegiam o transporte individual e as regiões nobres. Há um enorme buraco hoje para quem mora nas periferias. Vamos apoiar todas as ações que defendam o transporte público”, afirmou Raquel Kacelnikas, secretária-geral do Sindicato.

Mais denúncias – Ainda que o governo tucano tente esfriar o escândalo, as denúncias referentes ao cartel no Metrô e ao pagamento de propinas a dirigentes tucanos não cessam. O secretário dos Transportes Metropolitanos de São Paulo, Jurandir Fernandes (PSDB), reuniu-se 73 vezes com representantes de oito companhias que foram citadas pela Siemens como integrantes de cartéis que atuaram em licitações da CPTM e do Metrô.

O secretário tucano não pode alegar desconhecimento sobre as práticas dessas empresas, já que quando as reuniões aconteceram, ao menos seis das oito empresas já eram investigadas pelo Ministério Público por suspeita de fraudes em licitações da pasta.

Três novas CPIs foram abertas na Assembleia Legislativa nesta semana, como resultado do esforço de deputados governistas para tirar o propinoduto tucano da pauta da Casa. As novas comissões tratarão da violência contra a mulher, o desaparecimento de pessoas e a regularidade dos serviços prestados pela AES Eletropaulo.

Saiba mais – A CPI tem a finalidade de investigar a responsabilidade de agentes públicos nas denúncias de formação de cartel entre empresas, superfaturamento nos preços, pagamento de propinas e fraude nas licitações e contratos no período de 1997 a 2013.

Informações do Cade, das justiças alemã, suíça e a francesa apontam que o esquema de superfaturamento de licitações e de pagamento de propinas a quadros do PSDB pode ter movimentado até R$ 450 milhões, desde 2000, quando o governador do estado de São Paulo ainda era Mario Covas.

Nas gestões seguintes, de Serra e Alckmin, o esquema de corrupção teria permanecido. Serra, aliás, é citado nominalmente em correspondências entre diretores da Siemens, obtidas pelo jornal Folha de S.Paulo. O ex-governador tucano teria dado aval a combinações de preços acima do valor de mercado para licitações do Metrô de São Paulo.

Outro nome forte do PSDB que aparece como suspeito nas investigações é o vereador Andrea Matarazzo, acusado de receber propina da Alstom, em investigação da Polícia Federal. O tucano também é citado em outros escândalos, como o caixa 2 da reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Matarazzo teria recebido a propina quando era secretário estadual de Energia, em 2008, durante a gestão Serra.


Renato Godoy – 18/09/2013

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