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Água contaminada nas torneiras da Grande SP

Linha fina
Por duas vezes nas últimas semanas, Sabesp abasteceu Ribeirão Pires com água barrenta e, em alguns casos, misturada com esgoto
Imagem Destaque
São Paulo – Boa parte dos moradores de Ribeirão Pires, município do Grande São Paulo, receberam da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) água suja, barrenta e em alguns casos misturada com esgoto, segundo reportagem do jornal ABCD Maior, publicada em 14 de setembro.

O problema, segundo moradores ouvidos pelo jornal, ocorreu pelo menos uma vez em agosto e outra entre os dias 10 e 11 de setembro. “Lavamos a caixa de água por uma semana com cloro, porque, em vez de água, recebemos cocô”, contou o motorista Gilson Marcos da Silva, 51 anos, morador do Bairro Rancho Alegre, um dos primeiros atingidos.

De acordo com o Conselho Municipal de Saúde, o problema atingiu 30 bairros e pelo menos 11 mil famílias, que correspondem a cerca de 30% do município. Todos os bairros afetados são abastecidos pelo reservatório da Sabesp situado na Rua José de Alencar, na Vila Pereira Barreto.

“Cheguei em casa e fui tomar banho. A água começou a ficar escura e com cheiro estranho. Fedia muito”, relatou o supervisor de perecíveis Ronilson Oliveira Santos, 32 anos, morador do bairro Nossa Senhora de Fátima. “Primeiro ficamos sem água, depois quando voltou estava suja, preta, e fedia”, acrescentou sua vizinha, a costureira Maria do Carmo Oliveira Cunha, 43 anos.

“A Sabesp veio depois e disse que a água tinha sido misturada com a rede de esgoto”, afirmou outra moradora do bairro, Anaide Santo da Silva, 45 anos.

Morador do bairro Vale do Sol, Antônio Pereira da Silva, 51 anos, bebeu a água contaminada com coliformes fecais e passou mal: “Fui parar no médico com vômito e diarreia”.

> Vídeo: reportadem do ABCD Maior mostra a "água" em Ribeirão Pires

Denúncia – O Coletivo de Luta pela Água levará o caso ao Ministério Público de São Paulo, Ministério Público Federal e ao relator da ONU (Organização das Nações Unidas), Leo Heller, que apura se a crise hídrica de São Paulo está violando os direitos humanos, especialmente o direito universal de acesso à água, ao esgotamento sanitário e à saúde.

Hamilton Rocha, membro do Coletivo de Luta pela Água diz que as interrupções constantes do fornecimento de água podem ter causado a contaminação: “Acreditamos que o rodízio camuflado, com abre e fecha de torneiras, cause esse efeito chicote que pode causar infiltrações da rede de esgoto na rede de água. Isso pode ter sido causado por essas manobras da Sabesp”.

O Coletivo procurou a Sabesp, mas até dia 14 a companhia não havia se manifestado sobre o caso. O ABCD Maior informou que também procurou a companhia, mas não obteve resposta.


Redação, com informações do ABCD Maior – 15/9/2015
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