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Temer veta FGTS no Minha Casa, Minha Vida

Linha fina
Sem repasse prévio de recursos pela União, Caixa não poderá utilizar Fundo de Garantia do Tempo de Serviço para financiar programa habitacional; decisão ataca papel social do banco público
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Felipe Rousselet, Redação Spbancarios
22/9/2016


São Paulo – O Ministério das Cidades, sob o comando do ministro Bruno Araújo, desautorizou a Caixa a utilizar recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em contratações do programa Minha Casa, Minha Vida. Segundo a Instrução Normativa 24 (IN 24), publicada em 23 de setembro, o FGTS não poderá ser utilizado para financiar imóveis do programa habitacional “enquanto não constar no orçamento fiscal e da seguridade social rubrica específica correspondente à contabilização dos adiantamentos concedidos a partir de disponibilidades dos referidos fundos”.

A IN 24 determina ainda que é responsabilidade da Secretaria Executiva do Ministério das Cidades “avaliar a conveniência e oportunidade de propor a ação orçamentária de que trata o artigo anterior e seus limites financeiros e orçamentários, bem como adotar providências visando à contratação de operação de crédito interno que permita quitar passivos da União referentes ao Programa Minha Casa, Minha Vida, provenientes de utilização de recursos oriundos do FGTS, do FAR e do FDS”.

“Essa decisão ataca o papel social da Caixa. Representa o desmonte de um segmento importante de financiamento de uma política pública que vem libertando milhões de pessoas do aluguel, trazendo recursos para o consumo. Não surpreende tal medida partir deste governo, que colocou na presidência do banco público Gilberto Occhi, que em recente entrevista defendeu a PEC 241, que congela investimentos públicos por 20 anos; a reforma da Previdência; e a flexibilização da legislação trabalhista, em especial o negociado sobre o legislado”, avalia o diretor do Sindicato e empregado da Caixa Dionísio Reis.

“Na mesma ocasião, Occhi fez seu discurso ‘sedutor’ de aumentar a rentabilidade do FGTS, mas colocou como contrapartidas o aumento dos juros e restrição do uso dos recursos para financiamento imobiliário. A intenção é transformar o fundo em uma aplicação submetida apenas à lógica de mercado, ignorando seu papel fundamental para o país. Os bancos privados, por sua vez, já perceberam essa tendência e pressionam pelo fim da exclusividade da Caixa na administração do FGTS”, completa o dirigente sindical.

Dionísio reforça ainda que a mobilização dos empregados do banco público na greve também é em defesa da Caixa 100% pública; contra a extinção da função de caixa, que precariza o atendimento à população; e outras pressões por cortes de direitos dos trabalhadores para reduzir custos da instituição.

Minha Casa, Minha Vida – Em 2015, foram contratados pela Caixa para o Programa Minha Casa, Minha Vida R$ 39,7 bilhões, o que representa um total de 347 mil unidades habitacionais.
 
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