São Paulo - O Brasil já acumula seis trimestres seguidos de variação negativa do PIB. Ou seja, é um país em plena recessão. Apesar disso, os bancários terão aumento real para salários e demais verbas de 1%. Somado ao INPC, que foi de 1,73%, o reajuste será de 2,75% (veja tabela abaixo).
Esse resultado está diretamente relacionado à queda brutal da inflação que tem tudo a ver com a recessão que o país atravessa. “Com o agravamento da recessão econômica, os trabalhadores com campanhas no segundo semestre deverão ter ainda mais dificuldade em conseguir reajustes acima da inflação”, avalia a economista Catia Uehara, técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Catia ressalta que nos bancos públicos a dificuldade seria ainda maior, já que a Secretaria de Coordenação Governança das Empresas Estatais (SEST) já havia informado que o governo federal não pretende reajustar salários este ano. “No caso das convenções coletivas, como a dos bancários, não há como a gente mexer”, afirmou o secretário Fernando Soares, em entrevista ao jornal Correio Braziliense, em 7 de maio.
Luta por emprego – A presidenta do Sindicato, Ivone Silva, lembra que o acordo de dois anos garantiu esse reajuste mesmo em tempos de recessão, garantiu direitos até 2018 e ainda permitiu ao Comando Nacional dos Bancários negociar o que resultou na criação dos centros de realocação e requalificação profissional. Agora, um aditivo à cláusula 62 da CCT estabelece a criação desses centros e os detalhes serão definidos banco a banco. “Ao invés de demitir, os bancos deverão requalificar e realocar os bancários. Nesse cenário pós-golpe, de recessão e desemprego, essa foi uma conquista importantíssima para a categoria.”
Ivone reforça: “Nossos direitos estão previstos na CCT e garantidos até 31 de agosto de 2018. Mas, para não restar dúvidas, diante do desmonte da CLT imposto por Temer, deixamos isso ainda mais acertado no termo de compromisso entregue aos bancos em 8 de agosto. Não aceitaremos desrespeito nem ameaças como o trabalho temporário, o intermitente, a contratação de autônomos (PJ) e terceirizados, a responsabilização dos empregados em caso de teletrabalho, o risco de perda de direitos diante do enfraquecimento da relação com os sindicatos.”
O INPC é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor. É o índice de inflação utilizado pelos bancos e bancários na correção dos salários desde, pelo menos, 1995. Na sua composição tem grande peso a alimentação e, além da recessão que o Brasil atravessa, essa é uma das explicações para a queda do índice, já que o país teve boas safras e o preço dos alimentos básicos caiu.
Além disso, a recessão faz com que o desemprego aumente – já são 13,486 milhões de trabalhadores desocupados no Brasil – e, por consequência, a economia se desaqueça, num círculo vicioso que representa menos dinheiro em circulação, fechamento de lojas, indústrias, empresas e mais demissões.
Para o período da data base da categoria bancária, de 31 de agosto de 2016 a 1º de setembro de 2017, a inflação pelo INPC ficou em 1,73%. Somado ao aumento real de 1% conquistado em 2016, os trabalhadores terão 2,75% de reajuste em salários, piso, vales e auxílios, além da PLR. Tudo deve ser pago até 30 de setembro.
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