São Paulo – O Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas no país, cresceu 0,2% no segundo trimestre deste ano (abril a junho), em relação ao trimestre anterior. Na comparação com o mesmo período de 2016, o crescimento foi de 0,3%. Contundo, o PIB anualizado, referente aos últimos quatro trimestres, ainda continua negativo em 1,4%, segundo matéria da Rede Brasil Atual.
Os dados trimestrais foram divulgados nesta sexta-feira 1º pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Somados os resultados para os seis primeiros meses do ano, o levantamento constatou "variação nula", em relação ao primeiro semestre de 2016. Em valores absolutos, o PIB no segundo trimestre de 2017 alcançou R$ 1,639 trilhão.
A pesquisa do IBGE constatou alta de 0,6% no setor de serviços, queda de 0,5% na indústria e a agricultura permaneceu estável, na comparação com o primeiro trimestre do ano.
Segundo o levantamento, o consumo das famílias cresceu 1,4%, após um ano e meio de seguidas retrações. O IBGE atribui o crescimento do consumo à desaceleração da inflação, redução da taxa básica de juros e o crescimento da massa salarial. Já o Consumo do Governo (-0,9%) e a Formação Bruta de Capital Fixo (-0,7%) registraram queda.
Análise - Para a economista da subseção do Dieese na Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) Regina Camargo, os dados divulgados pelo IBGE, se não apontam para um cenário "catastrófico", segundo ela, também não justificam a euforia "completamente infundada" de economistas conservadores, que saudaram principalmente a recuperação do consumo das famílias.
Segundo Regina, essa elevação se deve, em grande parte, aos recursos advindos da liberação do saque das contas inativas do FGTS. "É um fator pontual, que não vai se sustentar mais à frente." À RBA, ela afirma que o crescimento sustentável do consumo das famílias depende da retomada do emprego.
"Uma retomada do consumo de forma mais vigorosa só virá obviamente com a retomada do emprego. O consumo só se anima com a elevação do emprego e da renda, não tem mágica. Mas para que o emprego e a renda voltem a crescer, é preciso de investimento", diz a economista, que, nesse aspecto, detalha um cenário mais sombrio.
Segundo ela, a aprovação da Emenda Constitucional 95 – que instituiu que o congelamento dos gastos públicos – e os sucessivos cortes promovidos pelo atual governo, apontam que o investimento não virá do setor público.
"Se está se limitando fortemente o consumo e investimento do governo em todas as esferas, de onde virá o investimento? Parcerias com o setor privado, privatizações? Vai ser suficiente para retomar a taxa de investimento?", questiona a economista.
Outro agravante, segundo ela, é a decisão do governo Temer de acabar com a de Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), com a criação da Taxa de Longo Prazo (TLP), que pretende equalizar os custos dos empréstimos tomados junto ao BNDES com as dos demais bancos.
"A continuar uma política de ajuste tão draconiana, tão dura, como esse governo tem feito, vai ser muito mais difícil retomar a taxa de investimento e, portanto, o emprego e a renda", conclui a economista.