São Paulo – Em um momento em que a crise econômica está causando a redução das carteiras de crédito do Santander voltadas para empresas, o banco está estimulando funcionários de agências a instalar em seus telefones celulares um jogo chamado Quiz, que testa o conhecimento sobre o segmento PJ.
“Ao invés de cumprir sua função social e oferecer linhas de crédito acessíveis ao financiamento de pequenas e médias empresas para criação de empregos, e aquecer a economia, o banco inventou esse recurso constrangedor e intimidador para medir o conhecimento dos trabalhadores, como se a culpa pela redução das carteiras fosse deles e não da crise econômica ou dos juros escorchantes cobrados”, critica a dirigente sindical Wanessa de Queiroz.
Bancários denunciam ainda a existência de pressão para disputar o Quiz. “Uma empresa que se vangloria de ser uma das melhores para trabalhar no país, lança um aplicativo que incentiva a competição entre colegas de trabalho, cobrados a jogar diariamente, durante os intervalos, à noite, aos finais de semana”, critica Wanessa.
Os gerentes de atendimento também se queixam de que o Santander determinou que aprendam as funções de gerentes PJ com o objetivo de captar e atender clientes nas agências.
“O gerente de atendimento já tem carga de trabalho muito grande que envolve processos normativos, responsabilidade com controle de numerário, e além dessas atribuições, o banco está obrigando a desempenhar mais essa função de captar e atender cliente PJ, ao invés de contratar novos profissionais” protesta Wanessa.
Em 12 meses (junho de 2016 a junho de 2017), o banco eliminou 2.281 postos de trabalho, reduzindo o total de funcionários para 46.596.
“Lembrando que na área de atendimento, só agências de porte A e B contam com coordenador de bateria de caixa que auxilia o gerente de atendimento. As de porte C, D e E não têm funcionários que cumpram essa função e possam substituí-lo durante visitas a clientes”, pondera Wanessa.
O Santander atingiu o maior lucro de sua história para um semestre nos primeiros meses de 2017, obtendo R$ 4,612 bilhões. O montante representa crescimento de 33,2% em relação ao mesmo período de 2016. Esse resultado significa 26% do lucro global do banco espanhol, sendo o Brasil o país mais lucrativo para a instituição.
“Esse resultado comprova que o banco tem condições de sobra para contratar funcionários e oferecer crédito mais acessível a fim de estimular a economia. Mas prefere demitir, sobrecarregar os bancários, cobrar juros abusivos e ainda jogar a culpa nos próprios trabalhadores pela redução das carteiras PJ. O banco espanhol presta um completo desserviço ao país responsável pela maior parcela do seu lucro”, critica Wanessa.