O governador de São Paulo, João Doria, mandou recolher um material didático do 8º ano da rede pública estadual de Educação alegando que continha um “erro inaceitável”. Segundo reportagem da Rede Brasil Atual, o “erro” em questão estaria em um texto que explicava as diferenças sobre “sexo biológico, identidade de gênero e orientação sexual”. Doria, no Twitter, ainda afirmou que não aceitava “apologia à ideologia de gênero”.
"O governador demonstra, além de uma irresponsabilidade com dinheiro público, um desconhecimento profundo da própria estrutura do governo, que tem uma coordenação estadual LGBT. Ideologia de gênero não existe, é uma mera desculpa para praticar a LGBTfobia institucional. Doria pode ter a sua opinião, mas a população LGBT de São Paulo merece respeito e atenção. Ignorá-las no conjunto da formulação de políticas públicas é uma irresponsabilidade”, repudiou Anderson Pirota, coordenado do Coletivo LGBT do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
A decisão do governador fez com que o Ministério Público de São Paulo instaurasse um inquérito para apurar uma possível violação do direito constitucional à educação tal como e eventuais danos aos cofres públicos. Na portaria de instauração do inquérito, o MP considera, entre outros pontos, que são objetivos da República construir uma sociedade livre, justa e solidária e promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Em comunicado oficial, o MP considera, ainda, que "o artigo 214 da Constituição prevê que o planejamento das políticas públicas educacionais exige dos poderes públicos ações articuladas que conduzam a promoção humanística, científica e tecnológica do país".