Após pressão dos trabalhadores, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, nesta quarta-feira 20, reduzir a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, pelo segundo mês consecutivo. Com a decisão, a chamada taxa Selic foi rebaixada 12,75%.
Desde o início do ano, os sindicatos dos bancários de todo o país estão mobilizados pela redução dos juros.
Desde 2021, o Banco Central, sob o comando de Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, adota uma política monetária que mantém elevada a taxa básica de juros. Naquele ano, o Copom iniciou uma série de aumentos da Selic, que saltou de 2% para 13,75%, percentual mantido de agosto de 2022 até agosto deste ano, quando, após intensa pressão dos movimentos sindical e sociais, houve redução de 0,5 p.p. da Selic, que ficou em 13,25%.
Sondagem do Dieese mostrou que, cada ponto percentual na taxa Selic significa um aumento do custo anual da dívida pública de cerca de R$ 38 bilhões.
“Ou seja, na prática, manter os juros altos prejudica o investimento do Estado em áreas essenciais como infraestrutura, saúde e educação, trava os investimentos no setor produtivo e a geração de emprego e renda; e só beneficia, em sua maioria, instituições financeiras, que são as maiores detentoras dos títulos da dívida pública. Vamos manter nossa pressão, com diversos setores da sociedade, por uma redução ainda maior”, disse Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região.
Endividamento das famílias:
- O percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer, em junho, atinge 78,5% das famílias no país, as que se consideram muito endividadas são 18,5% desse total;
- O total de famílias com dívidas atrasadas chegou a 29,2%. Do total de consumidores com dívidas atrasadas, 4 em cada 10 entraram em junho sem condições de pagar os compromissos de meses anteriores, maior proporção desde agosto de 2021.
- Os juros elevados dificultam a melhora desse quadro. O volume de consumidores com atrasos há mais de 90 dias também cresceu, alcançando 46% do total de inadimplentes em junho. Ou seja, a cada 100 consumidores com dívidas atrasadas, 46 possuem atrasos há mais de três meses.
- Juros altos encarecem financiamento imobiliário e financiamento de veículos;
- As mulheres são a maioria entre os endividados, cerca de 2 pontos percentuais acima dos homens;