
Na última terça-feira, 16 de agosto, o Sindicato se reuniu com o RH do Nubank para cobrar melhores condições de trabalho para os analistas da área de Fraude. Na ocasião, novamente a entidade apresentou ao banco uma proposta objetiva: a redução da quantidade de “jobs” para atenuar a sobrecarga de trabalho.
Durante a reunião, o RH do Nubank fez uma longa apresentação sobre a atuação da empresa e suas políticas de recursos humanos, além de apresentar o número de contratações e o tournover. Ainda foi realizada uma apresentação específica da área de Fraude, com objetivo de mostrar uma situação de trabalho positiva, relacionando as atividades realizadas pelos analistas; tournover da área; número de trabalhadores afastados e respectivos motivos; pesquisa sobre clima organizacional; e índice de entrega de metas.
O Nubank comunicou também ao Sindicato, considerando as denúncias e cobranças feitas pela entidade há mais de um ano, algumas medidas como a “reconexão” da liderança com os trabalhadores da área de Fraude, “corrigindo rotas” para retomar a confiança dos mesmos; ênfase nos “packs” para identificar necessidades, propor mudanças, realizar feedbacks e dar mais transparência a rotina de trabalho e ao processo de promoções; nova orientação para que “jobs” não ocorram em horários não planejados, respeitando horários de pausa, intervalos e almoço; e nova ferramenta para acompanhamento e cálculo de métricas.
Somente com estas medidas, o Sindicato não acredita que as condições de trabalho destes financiários vão melhorar, uma vez que o banco não abordou o que de fato é mais importante: a redução ou readequação das metas, com a revisão e redução da sobrecarga de tarefas e exigências, que hoje tornam a jornada de trabalho extenuante.
“Esperamos total empenho do RH do Nubank na construção de um ambiente de trabalho seguro e saudável para todos. Isso passa, sem dúvida, pela redução da quantidade de jobs (ou aumento do peso do job), que esperamos que aconteça na próxima revisão do time spent, que pode ser realizada ainda em setembro. Na reunião, o Nubank sugeria a continuidade das conversas.
"Vamos mobilizar os trabalhadores do time de Fraude e propor nova reunião em outubro, quando esperamos uma resposta para a nossa principal reivindicação”, enfatiza o dirigente do Sindicato Marcelo Gonçalves.
De acordo com o dirigente do Sindicato, é urgente e fundamental mudar a pesada cobrança para realização das excessivas exigências na área de Fraude.
“É exigido que analistas façam, na teoria, cerca de 60 jobs efetivos. Entretanto, com um peso de 0,71 para cada job, na prática os jobs beiram a 80 por dia. Então, na prática, sabemos que é exigido muito mais. No mês, podem ser realizados mais de 1.600 jobs, em tempo cada vez menor pelos analistas. Isso tornará a rotina, ao longo do tempo, muito prejudicial para a saúde física e mental. Ainda se os jobs forem tratativas de e-mail, serão 104 jobs, pois o peso do job de email é 0,54. E a gestão cobra dos analistas um extremo desempenho e perfeccionismo. O que gera pressão e sobrecarga para conseguir entregar o esperado”, explica Marcelo.
“O sistema de métricas obriga os analistas a realizarem mais jobs com um time spent cada vez menor. Esta é a maior reclamação dos analistas. Hoje, o Nubank lidera o número de denúncias ao Sindicato. Esse cenário precisa mudar. Não adianta apresentar um indicador supostamente “supimpa” de que as pessoas estão realizando suas entregas dentro das métricas esperadas. Porque são justamente essas pessoas que estão extenuadas no final do dia”, acrescenta.
Outro ponto abordado na reunião foram os obstáculos cada vez maiores para promoções, situação que, assim como o processo de performance, limita muito as chances dos analistas crescerem na carreira, transformando o ambiente de trabalho em uma competição negativa e conflituosa.
“É preciso melhorar as oportunidades de carreira para os dedicados analistas de Fraude, bem como tornar o processo justo e equilibrado. Também se fazem necessárias maiores chances de mudança de área de trabalho, para novas experiências. Não podem ocorrer situações em que o gestor use a mudança da nota, barrando a chance de determinado analista. Não pode ocorrer favoritismo. Nem mudanças da regra do meio do jogo, e o tempo todo”, enfatiza o dirigente do Sindicato.
Outra queixa dos analistas é o fato de serem cobrados, no contexto do Plano de Excelência Profissional, por uma performance perfeita, ao mesmo tempo em que as ferramentas oferecidas pelo Nubank não funcionam plenamente, possuem falhas, como é o caso dos problemas com o sinal do VPN e a demora para carregamento do shuffle. Há situações, com certa frequência, em que uma aba/página com histórico de transações do cliente demora para carregar, impactando no já reduzido “time spent”.
“Mesmo com isso, a gestão continua a reduzir o time spent. Exigindo que, em 1.600 casos analisados em um mês, o analista tenha baixíssimos apontamentos de qualidade. Ou seja, o sistema e o processo de trabalho apresentam falhas, ocorrem mudanças de regras no meio de jogo, mas dos analistas é exigida a perfeição. Para ser produtivo ou ter uma promoção, o analista tem que se submeter a uma rotina extrema de entregas. O que viola os compromissos assumidos pelo Nubank para a promoção de um ambiente de trabalho seguro e saudável”, diz Marcelo.
Além disso, há relatos de pouca transparência na realização dos apontamentos da análise de qualidade. Os analistas, no geral, não compreendem a metodologia de avaliação do “Pack de Qualidade” e a “dashboard” que retorna esses resultados não funciona adequadamente.
Há risco real de que analistas, para serem classificados como “high performance”, sejam obrigados ou estimulados a pular etapas de processos para atingir a performance desejada pela gestão, uma vez que não existe clareza sobre quais processos são obrigatórios.
“Até o momento, o RH do Nubank tem se empenhado no diálogo. Entretanto, agora é preciso mais do que diálogo. É preciso ação e mudança real. É preciso reduzir a quantidade de jobs, rever os processos de avaliação, viabilizar promoções e melhorar a qualidade das ferramentas. As regras precisam ser claras. E não mudarem de uma hora para outra, sem tempo de adaptação. Essa será a verdadeira e sincera reconexão com um ambiente livre da sobrecarga de trabalho”, conclui o dirigente do Sindicato.
