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Para Itaú, eficiência é reduzir postos de trabalho

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Ao anunciar crescimento de 5,8% do lucro, banco apresenta projeto que demonstra redução de mais de 16 mil empregos no Brasil desde março de 2011
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São Paulo – O lucro líquido recorrente do Itaú atingiu R$ 11,156 bilhões nos nove primeiros meses de 2013, crescimento de 5,8% em relação ao mesmo período do ano passado. No material institucional de divulgação dos resultados, o destaque negativo é o que o banco chama de Projeto Eficiência, por meio do qual reduziu o número de trabalhadores de 104.022 em março de 2011 para 87.440 em setembro de 2013 – corte de 16.582 postos de trabalho no período. Ou seja, a extinção de mais de 522 vagas por mês nos 30 meses anteriores.

“Isso é injustificável. Com todos esses cortes o índice de eficiência do Itaú piorou e passou de 47,4% em 2011 para 48% em 2013”, ressalta o diretor executivo do Sindicato Carlos Damarindo. O índice, quanto maior, representa pior eficiência. “Isso demonstra que para melhorar a eficiência o banco precisa aumentar empréstimos, atender melhor seus clientes, e isso tudo significa mais contratações, o que o Itaú não coloca em prática”, completa o dirigente.

Somente no último ano, de setembro de 2012 a setembro de 2013, a redução foi de quase 3 mil postos de trabalho.

“Diante dos números alarmantes apresentados pelo próprio banco, fica fácil imaginar a realidade dos trabalhadores do Itaú, com sobrecarga de trabalho e pressão cada vez mais abusiva para o cumprimento de metas em agências, no caso do Agir, e também nos departamentos, a exemplo do Prad, denunciada frequentemente”, destaca o dirigente.

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A prova da sobrecarga também está nos números apresentados pelo Projeto Eficiência, que mostra o aumento da produtividade dos trabalhadores que permaneceram na instituição financeira. “O crescimento dos resultados do banco não pode ficar atrelado, principalmente, ao aumento substancial da intensidade do trabalho vinculada às metas”, ressalta Carlos Damarindo.

Um exemplo é que entre junho de 2011 e setembro de 2013, os ativos por funcionário cresceram 55,6%, de R$ 7 milhões para R$ 11 milhões, respectivamente. A carteira de crédito por funcionário também foi elevada de forma significativa: passou de R$ 3 milhões para R$ 4,8 milhões por funcionário, variação de 44,6% no período.

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Contratar é investimento – Mesmo se contratasse mais trabalhadores, o Itaú teria lucro maior. As receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias atingiram R$ 17,5 bilhões, com alta de 16%. Assim, somente com estas receitas o banco cobre 156% do total de suas despesas de pessoal. No mesmo período do ano passado a cobertura foi de R$ 147%. “Eficiência de verdade é contratar mais bancários. Enquanto o Brasil diminui o desemprego, um dos setores que mais lucra não dá sua contrapartida e corta postos de trabalho, o que significa menos funcionários para atender clientes que pagam tarifas altíssimas, mais trabalho para o bancário, mais adoecimento para quem fica. Eficiência pra quem?”, questiona o dirigente sindical.

Muitos cifrões – No 3º trimestre, o lucro líquido recorrente do Itaú foi de R$ 4 bilhões, com alta de 17,9% com relação ao 3º trimestre 2012. A rentabilidade sobre o patrimônio líquido do banco foi de 19,8% em 2013, ante 19,4% no mesmo período do ano passado. No 3º trimestre de 2013 a rentabilidade ficou em 20,9%. O ativo total do banco atingiu R$ 1,1 trilhão em 30 de setembro de 2013, com aumento de 2,4% em relação ao final do trimestre anterior e evolução de 12,8% sobre o ano anterior.

“A demonstração de que o trabalho do bancário do Itaú aumenta a cada dia sem mais contratações também está na carteira de crédito do banco, que cresceu 7,5%, atingindo R$ 387,040 bilhões em setembro de 2013”, ressalta Damarindo. Os destaques de crescimento de pessoa física foram crédito imobiliário, com 34,9%, e consignado, que subiu 64%. No crédito pessoa jurídica o destaque ficou com as grandes empresas, com aumento de 16,9%.

O índice de inadimplência caiu: passou de 5,1% há um ano para 3,9% no 3º trimestre de 2013, queda de 1,2 pontos percentual. Com isso as despesas com Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) caíram 20%, passando de R$ 17,959 bilhões para R$ 14,384 bilhões entre os nove primeiros meses de 2012 e os nove primeiros meses de 2013.


Gisele Coutinho – 29/10/2013

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