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Cida de Oliveira, da Rede Brasil Atual
26/10/2016
São Paulo – A solenidade de inauguração de um monumento em homenagem ao jornalista Vladimir Herzog no começo da tarde de terça 25, na Praça Memorial, anexa à Câmara Municipal de São Paulo, deu lugar a um ato em favor da democracia e contra "todos os golpes diários contra os direitos da população", conforme os ativistas pelos direitos humanos presentes. Antes que a estátua de 2,2 metros de altura e 200 quilos, esculpida em bronze – uma cópia ampliada da obra homônima criada pelo artista paranaense Elifas Andreato em 2008 – fosse inaugurada, vereadores e militantes fizeram um paralelo entre a ditadura civil-militar (1964-1985) e a situação atual no país, com o avanço de propostas conservadoras.
Integrante da Comissão da Memória e da Verdade da Prefeitura de São Paulo e ex-integrante da Comissão da Verdade da Assembleia Legislativa de São Paulo, Adriano Diogo enalteceu o trabalho de Herzog à frente do jornalismo da TV Cultura de São Paulo, na época criticado pela direita. “Durante os trabalhos da comissão na Assembleia, localizamos um áudio em que o então deputado estadual pela Arena José Maria Marin pedia a prisão do grupo de jornalistas do que ele chamava de 'TV Vietcultura'. Isso foi em 1975. Hoje a TV Cultura é apoiadora de grupos de extermínio, do golpe, e seu jornalismo vive fazendo alarde das violações dos direitos humanos, fazendo a campanha favorável. Só isso seria a maior afronta ao povo brasileiro e à memória de Vladimir Herzog”, disse.
Diogo elogiou também o trabalho da família de Vlado por meio do Instituto que leva seu nome. “É de grande importância a resistência de muitos companheiros e da família do jornalista morto em 1975, nos porões do Doi-Codi, trazendo à tona, todos os anos, a importância da democracia. Tivemos o golpe de 1964, que era para durar alguns dias e durou 21 anos. Agora temos o golpe de 2016. Todo mundo sabe como começou, mas não sabe como vai acabar. É importante lutar pela da democracia, pela liberdade de expressão e resistir ao golpe e toda forma de autoritarismo que brota na nossa terra todos os dias. Viva a democracia, abaixo o golpe e fora golpistas.”
Vereador eleito com mais de 300 mil votos, Eduardo Suplicy (PT) disse que conheceu Vlado em 1975, quando foi editor de economia da revista Visão, e lembrou episódios em que foi perseguido pela censura, como em uma viagem ao exterior em que foi interceptado pela Polícia Federal por suspeitas de levar uma entrevista com Dom Paulo Evaristo Arns sobre prisões, que havia sido censurada na revista, para ser publicada no Washington Post. “Mas quero registrar aqui que um dos fatos mais marcantes da minha vida foi o ato ecumênico na Catedral da Sé, lotada, em homenagem a Vlado.”
A missa, celebrada por dom Paulo Evaristo Arns, foi um dos fatos que enfraqueceram o regime militar. O Doi-Codi sustentava a versão de que o jornalista havia se enforcado, mas a foto oficial distribuída desmentia claramente a versão.
O vereador Toninho Vespoli (Psol) destacou a incipiente e inconsistente democracia brasileira. “Não temos democracia consolidada ainda. Quando as mulheres sofrem opressão, é porque nossa democracia não foi consolidada. Quando os negros morrem na periferia, é porque ainda não consolidamos a democracia. Quando alguns usam seu poder para passar por cima das leis, é porque não temos democracia. Esse momento memorial é também de reflexão porque temos golpes neste país todos os dias nas periferias por abuso de poder.”
O presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Paulo Zocchi, destacou a história da instituição ligada à tragédia que se abateu sobre a família Herzog e a luta para apurar o assassinato e punir os responsáveis. “O trabalho foi conduzido de maneira brilhante pelo então presidente Audálio Dantas. Hoje descerramos a homenagem num momento terrível para o país, de golpe de Estado. Nosso sindicato se junta a todas as forças que se opõem a esse golpe conservador, antinacional, para extinguir direitos trabalhistas, para reduzir o Estado, que devemos repudiar", afirmou.
Para Zocchi, a inauguração do monumento a Herzog remete à necessidade de varrer heranças da ditadura, como a Polícia Militar. "É a violência contra a liberdade de expressão e de manifestação, contra jornalistas que são agredidos por fazer seu trabalho. Vlado é símbolo da luta eterna pela democracia."
O vereador Eliseu Gabriel (PSB) destacou vitórias recentes, como a mudança do nome do Elevado Costa e Silva, que passou a se chamar Presidente João Goulart. "Houve muita pressão de setores da Câmara e da imprensa. Mas só o Brasil homenageia seus ditadores, seus torturadores e assassinos. Levamos cinco anos para aprovar esse projeto."
"Hoje fazemos essa homenagem ao Herzog, símbolo da luta pela democracia. Não existe conquista na democracia que seja definitiva. Não se pode dormir em berço esplêndido. A democracia sempre tem inimigos. Vladimir lutava por um país com democracia, que precisa ser defendida e aprimorada", disse o vereador Jamil Murad (PCdoB).
26/10/2016
São Paulo – A solenidade de inauguração de um monumento em homenagem ao jornalista Vladimir Herzog no começo da tarde de terça 25, na Praça Memorial, anexa à Câmara Municipal de São Paulo, deu lugar a um ato em favor da democracia e contra "todos os golpes diários contra os direitos da população", conforme os ativistas pelos direitos humanos presentes. Antes que a estátua de 2,2 metros de altura e 200 quilos, esculpida em bronze – uma cópia ampliada da obra homônima criada pelo artista paranaense Elifas Andreato em 2008 – fosse inaugurada, vereadores e militantes fizeram um paralelo entre a ditadura civil-militar (1964-1985) e a situação atual no país, com o avanço de propostas conservadoras.
Integrante da Comissão da Memória e da Verdade da Prefeitura de São Paulo e ex-integrante da Comissão da Verdade da Assembleia Legislativa de São Paulo, Adriano Diogo enalteceu o trabalho de Herzog à frente do jornalismo da TV Cultura de São Paulo, na época criticado pela direita. “Durante os trabalhos da comissão na Assembleia, localizamos um áudio em que o então deputado estadual pela Arena José Maria Marin pedia a prisão do grupo de jornalistas do que ele chamava de 'TV Vietcultura'. Isso foi em 1975. Hoje a TV Cultura é apoiadora de grupos de extermínio, do golpe, e seu jornalismo vive fazendo alarde das violações dos direitos humanos, fazendo a campanha favorável. Só isso seria a maior afronta ao povo brasileiro e à memória de Vladimir Herzog”, disse.
Diogo elogiou também o trabalho da família de Vlado por meio do Instituto que leva seu nome. “É de grande importância a resistência de muitos companheiros e da família do jornalista morto em 1975, nos porões do Doi-Codi, trazendo à tona, todos os anos, a importância da democracia. Tivemos o golpe de 1964, que era para durar alguns dias e durou 21 anos. Agora temos o golpe de 2016. Todo mundo sabe como começou, mas não sabe como vai acabar. É importante lutar pela da democracia, pela liberdade de expressão e resistir ao golpe e toda forma de autoritarismo que brota na nossa terra todos os dias. Viva a democracia, abaixo o golpe e fora golpistas.”
Vereador eleito com mais de 300 mil votos, Eduardo Suplicy (PT) disse que conheceu Vlado em 1975, quando foi editor de economia da revista Visão, e lembrou episódios em que foi perseguido pela censura, como em uma viagem ao exterior em que foi interceptado pela Polícia Federal por suspeitas de levar uma entrevista com Dom Paulo Evaristo Arns sobre prisões, que havia sido censurada na revista, para ser publicada no Washington Post. “Mas quero registrar aqui que um dos fatos mais marcantes da minha vida foi o ato ecumênico na Catedral da Sé, lotada, em homenagem a Vlado.”
A missa, celebrada por dom Paulo Evaristo Arns, foi um dos fatos que enfraqueceram o regime militar. O Doi-Codi sustentava a versão de que o jornalista havia se enforcado, mas a foto oficial distribuída desmentia claramente a versão.
O vereador Toninho Vespoli (Psol) destacou a incipiente e inconsistente democracia brasileira. “Não temos democracia consolidada ainda. Quando as mulheres sofrem opressão, é porque nossa democracia não foi consolidada. Quando os negros morrem na periferia, é porque ainda não consolidamos a democracia. Quando alguns usam seu poder para passar por cima das leis, é porque não temos democracia. Esse momento memorial é também de reflexão porque temos golpes neste país todos os dias nas periferias por abuso de poder.”
O presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Paulo Zocchi, destacou a história da instituição ligada à tragédia que se abateu sobre a família Herzog e a luta para apurar o assassinato e punir os responsáveis. “O trabalho foi conduzido de maneira brilhante pelo então presidente Audálio Dantas. Hoje descerramos a homenagem num momento terrível para o país, de golpe de Estado. Nosso sindicato se junta a todas as forças que se opõem a esse golpe conservador, antinacional, para extinguir direitos trabalhistas, para reduzir o Estado, que devemos repudiar", afirmou.
Para Zocchi, a inauguração do monumento a Herzog remete à necessidade de varrer heranças da ditadura, como a Polícia Militar. "É a violência contra a liberdade de expressão e de manifestação, contra jornalistas que são agredidos por fazer seu trabalho. Vlado é símbolo da luta eterna pela democracia."
O vereador Eliseu Gabriel (PSB) destacou vitórias recentes, como a mudança do nome do Elevado Costa e Silva, que passou a se chamar Presidente João Goulart. "Houve muita pressão de setores da Câmara e da imprensa. Mas só o Brasil homenageia seus ditadores, seus torturadores e assassinos. Levamos cinco anos para aprovar esse projeto."
"Hoje fazemos essa homenagem ao Herzog, símbolo da luta pela democracia. Não existe conquista na democracia que seja definitiva. Não se pode dormir em berço esplêndido. A democracia sempre tem inimigos. Vladimir lutava por um país com democracia, que precisa ser defendida e aprimorada", disse o vereador Jamil Murad (PCdoB).