São Paulo – Após ação que resultou na condenação do HSBC devido ao acometimento de um funcionário pela síndrome de burnout, outros bancários relataram ao Sindicato o drama da doença. No processo em questão, o HSBC, hoje parte do Bradesco, foi condenado a pagar R$ 475 mil em indenização devido a condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes.
A síndrome de burnout foi constatada pelo psicanalista nova-iorquino Herbert J. Freudenberger, que a definiu como "(…) um estado de esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional". Os sintomas vão de fortes dores de cabeça, tonturas, tremores, falta de ar, oscilações de humor, distúrbios do sono, dificuldade de concentração e problemas digestivos. É geralmente desenvolvida como resultado de um período de esforço excessivo no trabalho com intervalos muito pequenos para recuperação.
“Realmente nos sentimos um lixo, duvidamos até da nossa capacidade de raciocínio”, afirmou um bancário do Santander diagnosticado com burnout desde janeiro deste ano.
O funcionário afirmou que chegou até a sofrer retaliações por conta do tratamento médico realizado, que consiste no uso diário de cinco medicamentos.
“Fizeram levantamento até da profissional que me atende. Tudo isso que se prega dentro desse banco, como respeito ao funcionário, é da boca para fora. O que mais revolta é que essas pessoas destruíram minha vida, porque é assim que eu me sinto. Estão implantando a gestão do terror”, desabafou.
Para Marcelo Gonçalves, diretor executivo do Sindicato e bancário do Santander, esse cenário de tensão demonstra uma grande falta de sensibilidade da empresa em relação aos funcionários.
“O banco usa a área médica para fazer esse tipo de pressão. Já não basta a pressão por resultados, que causa adoecimentos, ainda faz cobranças sobre o retorno do funcionário. Isso quando não usam o exame de retorno do bancário afastado por doença para realizar a demissão, prática que nós consideramos ilegal”, criticou.
Recorrente – Os casos ocorrem também em outros bancos. “Situações humilhantes e vexatórias atreladas a superiores despreparados causam exaustão física e mental ao colaborador”, afirmou um bancário do Banco Carrefour. “Muitos passam por essa situação. Eu mesma senti na pele”, completou uma ex-funcionária do HSBC.
O secretário de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato, Carlos Damarindo, alerta que os bancários devem relatar situações exaustivas e prejudiciais ao bem-estar do trabalhador.
“Mais do que nunca é importante fortalecer a luta do Sindicato por melhores condições de trabalho pois, com a reforma trabalhista, a situação tende a piorar. Temos uma CCT com cláusulas que trazem segurança para o bancário, e quem vai dar suporte aos trabalhadores é o Sindicato. É importante não confiar só na empresa e buscar auxílio na entidade”, alertou o dirigente.
Bancários que se sentirem prejudicados em sua saúde física e mental devido a situações extremas no trabalho devem entrar em contato imediatamente com o Sindicato. É possível realizar denúncias por intermédio da ferramenta Assuma o Controle e buscar orientações na Secretaria de Saúde e Condições de Trabalho pelo 3188-5200. Você também pode consultar o Departamento Jurídico para futuras reparações, ou tirar dúvidas pelo WhatsApp (11) 97593-7749.