São Paulo – Faixas, cartazes, megafones, agências paralisadas, coleta de assinaturas da população... Em mais um Dia Nacional de Luta em Defesa dos Bancos Públicos, que ocorrem às quartas-feiras em todo país, os bancários de São Paulo estiveram nas ruas, em frente a agências e centros administrativos da Caixa e do Banco do Brasil para alertar a população sobre o desmonte que o governo Temer está promovendo nessas instituições e no BNDES, além da ameaça de privatização do patrimônio brasileiro.
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Nesta quarta 11, dirigentes do Sindicato realizaram atos na Vila Maria (zona norte); Penha de França (zona leste); Jardim Camargo Novo (zona leste); Jardim Bonfiglioli (zona oeste); Moema (zona sul); Limão (zona norte); Avenida Paulista; Complexo São João do BB (centro) e Jardim Santo Antônio (Osasco).
“Estamos aqui defendendo a Caixa contra as intenções de privatização. É muito importante que os empregados assumam essa defesa, e que no próximo dia 18 vistam-se de vermelho, para representar a raiva contra essa direção que pretende abrir o capital da Caixa e vendê-lo em partes”, conclamou o diretor executivo do Sindicato e coordenador da Comissão de Empresa dos Empregados da Caixa, Dionísio Reis, referindo à quarta-feira de luta, que também será Dia Nacional de Mobilização em Defesa da Funcef (fundo de pensão dos empregados da Caixa) e de mais uma audiência em defesa dos bancos públicos, desta vez na Câmara Municipal de São Paulo.
As audiências em defesa dos bancos públicos já ocorreram em Embu das Artes, em Carapicuíba e em Barueri
A intenção de privatizar a Caixa – banco que responde por 75% do crédito imobiliário, pela grande maioria dos programas sociais e que administra o FGTS – ficou ainda mais explícita depois que o Relatório Reservado, jornal digital voltado para o mundo empresarial, anunciou que o governo Temer já decidiu vender o banco federal e fará o anúncio oficial no final do ano, depois da privatização da Eletrobras.
> Sindicato amplia convocação em defesa da Caixa
“A atual direção da Caixa quer transformar o banco numa SA [sociedade anônima], reduzindo seu papel social. Dessa forma, deixando de atender a população que tanto precisa do banco, que tanto precisa do financiamento imobiliário, que tanto precisa do atendimento que só a Caixa faz”, acrescentou o dirigente sindical, que participou de protesto em frente à unidade do banco em Jardim Camargo Novo, na zona leste, uma das 122 agências da Caixa a serem fechadas em breve.
A situação é agravada pelo fato de que a unidade é a única de toda a região, e seu fechamento deixará os moradores de Jardim Camargo Novo e dos bairros vizinhos desassistidos totalmente de qualquer serviço bancário. “Já fizemos um primeiro protesto contra o fechamento dessa agência e arrecadamos, em poucas horas, 500 assinaturas da população (foto abaixo). Hoje conseguimos mais 300”, conta o também dirigente sindical e empregado da Caixa, Francisco Pugliesi.
Importância dos bancos públicos – Juntos, Caixa e BB são responsáveis por 93% do crédito imobiliário para pessoas físicas no país.
Saiba mais sobre a importância de instituições como BB, Caixa e BNDES em cartilha produzida pelo Sindicato.
Banco do Brasil – Os atos também destacaram o importante papel do BB para o país. A instituição, junto com o Banco do Nordeste (outra empresa pública) é responsável por 70% do crédito concedido para agricultores familiares cuja produção, por sua vez, corresponde a 70% dos alimentos que os brasileiros consomem. Os dados dão uma ideia do que a falta do crédito para o pequeno agricultor rural – uma das possíveis consequências da privatização do BB – poderá representar em termos de escassez de alimentos e de aumento dos preços.
Os protestos nas unidades do Banco do Brasil também chamaram atenção para o assédio moral institucional no banco, que ganhou mais destaque recentemente após vídeo em que superintendente regional oferece pirulitos para os bancários que baterem a meta. No ato desta quarta, dirigentes sindicais ironizaram o desrespeito do gestor do banco, distribuindo o doce entre funcionários e a população.
“Queremos deixar claro que infantilizar e ridicularizar o trabalhador é prática de assédio moral. A gente não vai admitir isso”, criticou a diretora do Sindicato Silvia Muto.
Os dirigentes também protestaram em frente à Diretoria de Distribuição Sudeste (Disud) do BB, na região da Paulista, contra a decisão de “aposentar” as ferramentas de Gestão de Desempenho por Competências (GDP) e o Radar do Gestor como avaliadoras de desempenho dos funcionários, substituindo essas ferramentas por critérios subjetivos de gestores.
“Estamos aqui com faixas “GDP: Gestão de Descomissionamento Preferencial”. Isso porque estão tentando acabar com instrumentos do banco para poder descomissionar de forma aleatória, de forma impositiva pelo diretor”, denunciou o diretor executivo do Sindicato e integrante da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, João Fukunaga.