São Paulo – Mais de 10 mil pessoas saíram na manhã desta terça-feira 31 em marcha organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) do acampamento Povo Sem Medo, no Jardim Planalto, em São Bernardo do Campo (SBC), rumo ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual, na zona sul de São Paulo (SP). O objetivo é cobrar do governador Geraldo Alckmin (PSDB) a desapropriação do terreno ocupado por mais de 8 mil famílias em São Bernardo e a construção de moradias populares no local. O percurso da manifestação é de aproximadamente 23 quilômetros.
"Estamos ocupando uma página da história do país. Vamos mostrar ao prefeito (Orlando Morando-PSDB, de São Bernardo) e ao governador que moradia não é privilégio, é direito", disse Andreia Barbosa, da coordenação do MTST. A reportagem é da Rede Brasil Atual.
O movimento luta pela construção de moradias populares em terrenos da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) já destinados para fins sociais, assim como a manutenção do programa Casa Paulista. Outros atos já foram realizados na prefeitura de São Bernardo e na sede da construtora MZM, dona do terreno de São Bernardo ocupado. A empresa tem uma dívida de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de cerca de R$ 500 mil relativa à área ocupada, segundo o movimento.
"Hoje, essa grande marcha mostra que o déficit habitacional é enorme. O povo pobre merece uma casa, mas é obrigado a pagar um aluguel no valor do salário mínimo. Como que se alimenta os filhos assim? A ocupação está nas ruas para mostrar que é possível mudar a história do país", afirmou Andreia, em entrevista ao Mídia Ninja.
Caetano - Na noite de segunda-feira 30, haveria um show de Caetano Veloso na ocupação, marcado para começar às 19h. Artistas e militantes, em apoio ao movimento sem teto, se reuniram para o evento, mas a juíza Inês Del Cid, da 2ª Vara da Fazenda, atendendo a pedido do Ministério Público de São Paulo, impediu sua realização, sob pena de multa de R$ 500 e intervenção da polícia.
Ao confirmar que não haveria mais show, o coordenador do MTST, Guilherme Boulos, disse: "Talvez com isso eles pretendessem que a gente reagisse no mesmo nível e fosse para a agressão com a Guarda Civil ali na frente", afirmou, criticando a prefeitura, o Judiciário e o Ministério Público.
A juíza acatou argumento do MP e alegou que o local não possuía estrutura para um show de Caetano. Ela escreveu em sua decisão: “Seu brilhantismo atrairá muitas pessoas para o local, o que certamente colocaria em risco estas mesmas, porque, como ressaltado, não há estrutura para shows, ainda mais, de artista tão querido pelo público, por interpretar canções lindíssimas, com voz inigualável".
Ao saber que estava impedido de se apresentar, Caetano comentou: “É a primeira vez que sou impedido de cantar no período democrático”.