Circulam nas redes sociais relatos pessoais sobre como o diálogo pode combater a avalanche de mentiras e fake news dos apoiadores do candidato nas eleições 2018 Jair Bolsonaro (PSL). Experiências apontam para a necessidade do uso de argumentos sem paixão e sem a rejeição imediata aos conteúdos propagados pelos chamados "bolsominions".
No Instagram, o perfil @ViraVoto, criado no último sábado 13 e com mais de 140 mil seguidores, reúne parte do resultado dessas experiências, por meio de relatos de pessoas que votaram ou em Bolsonaro no primeiro turno, ou em outros candidatos, explicando por que agora não votam mais nele.
"Tive que ter paciência, abandonei qualquer forma de sarcasmo solicitada pelo meu ego e trabalhei no campo das ideias factuais, sem viés ideológico. Consegui. Agora eu sei. Para conseguir destruí-lo no pensamento das outras pessoas, não basta usarmos nosso pensamento... é preciso algo que esteja acima de nós: a verdade", relata um internauta.
"Jair Messias Bolsonaro, não tenhamos mais medo de nomeá-lo a essa altura, tem medo da verdade", completa. De fato, Bolsonaro expressa, abertamente, apoio à ditadura, à tortura, promove discursos homofóbicos e racistas. Mas muito além disso, foge dos debates, de aparições públicas, carrega uma proposta de governo que ataca os mais pobres, privilegia os mais ricos.
Outro fator que seus seguidores carregam como totem é uma suposta honestidade, que é relativa. Por exemplo, seu partido foi considerado o menos transparente do país. O deputado recebeu auxílio-moradia por anos, mesmo tendo imóvel em Brasília. Também omitiu já omitiu patrimônio em declaração de bens. Seu filho Eduardo, deputado, teve a riqueza quintuplicada em quatro anos e a família teria R$ 15 milhões em patrimônio.
Este movimento soma com a ascensão da violência dos seguidores do ex-militar. Já foram relatadas mais de 50 agressões físicas contra os críticos do político radical, além de inúmeras mensagens de ódio relacionadas a racismo e homofobia. Eleitores do candidato do PSL mataram, na Bahia, um capoeirista, Moa do Catende.
Um dos relatos do @ViraVoto vai neste sentido. "Recentemente no colégio, vários colegas, e até alguns que eu considerava melhores amigos, cantaram: 'Bolsonaro tá chegando e eu vou mandar um recado. Corra você que é viado'. Eu sai da sala chorando e a situação ganhou proporção (...) depois disso, quatro pessoas mudaram do nulo para o 13, e um do 17 para nulo."
Outro grupo que vem se manifestando nas redes sociais é o daqueles que não votam e são contrários ao PT, de Fernando Haddad, mas que votarão contra o ódio. Alguns mudam suas fotos com os dizeres "anti-petistas contra Bolsonaro". Um deles é o ator Marcelo Serrado, que foi ativo nas manifestações a favor do impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), em 2016. Ele divulgou uma mensagem pelo Instagram: "Não sou petista, mas tenho certeza que o ódio não".