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Chapéu
Absurdo

Preço do gás de cozinha ligado ao mercado penaliza os pobres

Linha fina
Para coordenador dos petroleiros, Haddad acerta ao anunciar teto de R$ 49 para o botijão. Bolsonaro vai manter política de Temer, que faz atualmente preço variar de R$ 62 a R$ 84
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Foto: CheapStockImage_com/Pixabay

Em outros tempos foi a vela, hoje é o gás de cozinha – e a sua falta – que está se tornando o novo símbolo da pobreza brasileira. Segundo o levantamento semanal da Agência Nacional do Petróleo, divulgado no último domingo 21, o menor preço médio para o consumidor entre os dias 14 e 20 de outubro foi de R$ 62,61, no Maranhão, e o maior, R$ 83,84, no Tocantins.

A causa do preço alto do gás de cozinha já é bem conhecida dos brasileiros. Começou em julho de 2017, quando o governo de Michel Temer alterou a política de preços conduzida pela Petrobras. A partir de então, os reajustes passaram a ser frequentes, sempre se equiparando ao preço do petróleo no mercado internacional.

Para enfrentar o problema, o candidato a Presidente da República Fernando Haddad (PT) tem dito que, se eleito, colocará um teto de R$ 49 para o preço do botijão de gás de cozinha. Ao contrário do oponente, Jair Bolsonaro (PSL), que propõe manter a política de preços criada por Temer, Haddad pretende reorientar a questão.

A ideia é não permitir que os derivados do petróleo retirado e refinado no Brasil, com custo bem menor do que o praticado no mercado internacional, seja vendido aos consumidores brasileiros por um preço equivalente ao do exterior.

"A política de preço do Temer e que o Bolsonaro quer manter, é um desastre para a sociedade, que paga uma conta alta para inflar os lucros da Petrobras e beneficiar os acionistas da empresa" , critica José Maria Rangel, coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP). "A Petrobras deve ter preços competitivos e justos, tem que investir na produção, na sua capacidade de refino e adequar com a demanda nacional, é fazer um ajuste e o preço do GLP vai cair drasticamente."

Para Rangel, o valor de R$ 49 mencionado pelo candidato Fernando Haddad (PT) é compatível com a variação do barril de petróleo nos últimos anos.

Haddad tem dito que a mudança da política de preço da Petrobras visa garantir um valor estável e acessível aos combustíveis — mesmo entendimento a ser feito com o gás de cozinha, um produto indispensável às famílias e, hoje, com elevado custo para os mais pobres.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, revelaram em julho que, em 2017, o custo de um botijão de gás de cozinha (chamado de gás liquefeito de petróleo, ou GLP) por mês (tendo como referencial o preço do botijão em junho deste ano), representou 59% do orçamento entre os 10% mais pobres no Maranhão, 51,5% no Acre e 50,7% em Sergipe.

Em sentido oposto, Bolsonaro diz, em seu plano de governo, que "os preços praticados pela Petrobras deverão seguir os mercados internacionais" , e fala em criar mecanismos de proteção para suavizar as variações de curto prazo e que, na prática, pode ser a criação de mais um imposto.

Nesta quinta-feira 25, especulações na imprensa sinalizam com a possibilidade do deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) ser nomeado para o Ministério das Minas e Energia, e um militar comandar a Petrobras.

"O Aleluia é um entreguista de 'carteirinha', quer acabar com o modelo de partilha e voltar para o modelo de concessão, usado somente em locais de exploração perigosa, o que não ocorre no pré-sal. E os militares devem seguir fazendo o trabalho deles de vigilância da fronteira, eles têm outro papel para o país" , ponderou o coordenador da FUP.

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