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Chapéu
Caged

Bancos fecham 1.928 postos de trabalho só em setembro

Linha fina
Desde janeiro, já são 3.328 postos de trabalho a menos na categoria bancária. Cortes prejudicam trabalhadores, já sobrecarregados, clientes, com o atendimento precarizado, e o país, que já enfrenta elevada taxa de desemprego
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Charge: Marcio Baraldi

De acordo com dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), somente em setembro os bancos cortaram 1.928 postos de trabalho. No acumulado dos primeiros nove meses do ano, o saldo negativo de contratações já alcança 3.328 empregos bancários. Desde 2013, a categoria perdeu 63.934 postos de trabalho.

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“O saldo negativo de postos de trabalho em setembro, superior ao acumulado de todos os meses anteriores de 2019, é inadmissível e foi fortemente impactado pelos planos de demissões voluntárias do Itaú, Caixa e BB. Esses números escancaram a falta de responsabilidade social dos bancos, que apenas no primeiro semestre lucraram R$ 50,5 bilhões [Itaú, Bradesco, Santander, Caixa e Banco do Brasil], crescimento de 20,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Mesmo enquanto concessões públicas, que faturam alto com tarifas e juros extorsivos cobrados da população, os bancos oferecem muito pouco retorno para a sociedade”, critica a diretora de Comunicação do Sindicato, Marta Soares. 

As demissões sem justa causa representaram 52,8% do total de desligamentos no setor nos nove primeiros meses de 2019. As saídas a pedido do trabalhador representaram 38,1%. Entre janeiro e setembro foram, ainda, registrados 158 casos de demissão por acordo entre empregado e empregador. Essa modalidade de demissão foi criada com a aprovação da Lei 13.467/2017, a Reforma Trabalhista, em vigência desde novembro de 2017.

“Como concessões públicas, os bancos deveriam oferecer retorno à sociedade na forma de crédito a juros civilizados, tarifas não abusivas e criação de vagas de empregos. Porém, em um cenário de crise, com mais de 12 milhões de desempregados, no qual ainda assim o setor financeiro segue batendo recordes de lucratividade, os bancos vão na direção contrária. Mesmo cobrindo com folga todos os gastos com pessoal apenas com a receita de tarifas cobradas dos clientes, seguem cortando postos de trabalho”, enfatiza Marta

Para a diretora do Sindicato, os cortes de postos de trabalho prejudicam não somente bancários, mas também o país como um todo. “Os bancários que permanecem no setor enfrentam uma sobrecarga de trabalho e níveis de adoecimento cada vez maiores. A população, por sua vez, tem o atendimento cada vez mais prejudicado. Além disso, os cortes nos bancos contribuem para a já elevada taxa de desemprego no país”

Rotatividade

Além de maximizar seus lucros por meio dos cortes de postos de trabalho, os bancos também lucram com a rotatividade no setor. Segundo o Caged, em setembro, o salário médio dos bancários que ingressaram no setor (R$ 4.458) corresponde a apenas 57% do que recebiam em média os trabalhadores desligados (R$ 7.811).

Desigualdade de gênero

Os dados do Caged também escancaram a desigualdade de gênero no setor bancário. As 11.965 mulheres admitidas nos bancos entre janeiro e setembro de 2019 receberam, em média, R$ 3.938,85. Esse valor corresponde a 75,6% da remuneração média dos 14.151 homens contratados no período. Constata-se uma diferença de remuneração ainda maior entre homens e mulheres nos desligamentos. As 14.319 mulheres desligadas dos bancos recebiam, em média, R$ 5.920,32, o que representa 72,8% da remuneração média dos 15.125 homens desligados no período.

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“O Caged revela a permanência da desigualdade de gênero no setor bancário, que aumenta ainda mais com o avanço na carreira, ainda que dados levantados pelo Censo da Diversidade 2014 demonstrem que as mulheres bancárias são mais escolarizadas que os homens. Para combater essa realidade, é fundamental a conheçamos em detalhes. Para isso, é de extrema importância que todos os bancários e bancárias respondam ao Censo da Diversidade 2019, (CLIQUE AQUI) uma conquista da Campanha Nacional 2018. Com os dados, o Sindicato e demais entidades representativas terão mais argumentos para cobrar dos bancos, nas negociações, medidas que promovam maior igualdade de oportunidades e remuneração no setor”, conclui Marta.

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