Os empregados da Caixa realizaram, nesta-sexta-feira 18, um ato nacional em defesa da Caixa. A data foi escolhida em razão do início dos saques do FGTS para as pessoas que não têm conta na Caixa. A medida do governo Bolsonaro para tentar estimular a economia fará as agências abrirem mais cedo – a partir das 8h – e aos sábados.
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Na base do Sindicato – que engloba São Paulo e outros 15 municípios da sua região metropolitana – os protestos foram realizados em agências nos bairros periféricos de São Miguel Paulista e Parada de Taipas, nas zonas leste e norte da capital paulista; e no município de Carapicuíba.
Nesses locais, dirigentes dialogaram com a população e distribuíram material reforçarando a importância da caixa para o país como o único banco 100% público responsável pela administração de uma série de programas sociais e benefícios como Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida e o próprio FGTS.
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O prédio São Joaquim, responsável pela administração do FGTS, foi palco do pré-lançamento da campanha “A Caixa é Toda Sua”. A iniciativa da Fenae, Contraf e sindicatos irá reforçar para a população, por meio de peças publicitarias veiculadas na mídia, a importância da Caixa para a vida dos brasileiros.
“É fundamental que todos os empregados se envolvam na campanha e conversem com amigos, vizinhos e conhecidos sobre a importância da Caixa para a vida da população”, afirma Sérgio Takemoto, vice-presidente da Fenae e empregado da Caixa.
Encolhimento da Caixa
Os saques do FGTS implicarão em um aumento exponencial do atendimento ao público pela Caixa. Contudo, há anos a Caixa vem sofrendo um processo de sucateamento por meio da redução do número de empregados. O banco perdeu mais de 17 mil empregados desde 2014, passando de 101 mil trabalhadores para os atuais 83 mil devido aos diversos planos de aposentadoria incentivada promovidos no governo Temer e Bolsonaro, que aprofundou as políticas do governo anterior.
Segundo dados do balanço da Caixa compilados pelo Dieese, o banco sofreu uma redução de 15% no número de empregados por agência entre dezembro de 2014 e junho de 2019, passando de 26,69 para 25 empregados por unidade bancária.
Já a relação cliente/empregado teve aumento de 48,3%. Em dezembro de 2014 havia um bancário para cada 737 clientes. Em junho de 2019 havia 1.093 clientes por empregado.
Não é só com a redução do número de empregados que a Caixa vem sofrendo. O principal banco de varejo totalmente público também está sendo fatiado, com a venda de ativos estratégicos como as ações da Petrobrás e do IRB e a tentativa de venda para o setor privado de ativos como as loterias instantâneas (Lotex), que hoje financiam programas nas áreas da educação, esporte, cultura, segurança e saúde. Além disso, partes mais rentáveis do banco vem sendo preparadas para venda, como a gestão de ativos de terceiros, seguros, e Caixa Cartões.
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“Hoje começa o dia de pagamento dos saques do FGTS que, no momento, representa o símbolo dos ataques contra a Caixa. A declaração do Rodrigo Maia reforça esses ataques contra o fundo e o banco público, ambos responsáveis por injetar bilhões nos municípios, inclusive naqueles que o elegeram”, afirma Takemoto.
Rodrigo Maia afirmou que R$ 7 bilhões do lucro anual da Caixa Econômica Federal são “roubados” do trabalhador por meio da taxa de administração do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Para o deputado, o rendimento do FGTS não deveria ser utilizado pelo governo para subsidiar programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida. “Não é justo que o dinheiro do trabalhador, que é sócio deste fundo imenso que é o FGTS, seja usado como subsídio para construir a casa de outra pessoa”, disse Maia em entrevista ao programa Poder em Foco, do SBT, na madrugada desta segunda-feira, 14.
FGTS cobiçado pelos bancos privados
Administrado pela Caixa, o FGTS sofre constante assédio dos bancos privados, interessados em lucrar com os R$ 413,8 bilhões de saldo em conta.
Além de ser um seguro para o trabalhador no caso de demissão, o FGTS é um dos maiores fundos de investimento em políticas públicas do mundo, que favorece justamente a população de mais baixa renda. Apenas em 2017, o fundo investiu R$ 63 bilhões nas áreas de habitação (R$ 59,1 bi), saneamento básico (R$ 3,9 bi) e infraestrutura (R$ 277 mi).
Os bancos privados já geriram o FGTS até 1990, quando uma lei centralizou a administração dos recursos na Caixa. O dinheiro do trabalhador ficava depositado nos bancos de forma pulverizada, o que resultou em diversos casos de má gestão dos recursos, acarretando em prejuízos para o fundo e para o governo.
O FGTS era gerido e administrado por um Conselho Curador composto por 24 membros de entidades representativas dos trabalhadores, dos empregadores e representantes do Governo Federal. Mas um decreto do governo Bolsonaro reduziu a participação da sociedade na administração do fundo.
“A declaração do deputado revela todo seu desconhecimento ou má fé com relação à Caixa e ao FGTS, porque o banco administra há décadas o fundo com seriedade, transparência e credibilidade. Por isso estamos fazendo esse grande ato em sedes do FGTS e da Caixa, e é fundamental que todos os empregados se envolvam nessa mobilização”, reforça Takemoto.