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Chapéu
o povo falou

Datafolha: 67% dos brasileiros são contra privatizações

Linha fina
Pesquisa mostra que entrega do patrimônio público tem mais respaldo entre empresários, mais ricos e nos que votaram em Bolsonaro; por causa da ineficiência e dos preços, ao menos 884 serviços foram reestatizados de 2000 a 2017 em países como EUA e Alemanha, segundo centro de estudos holandês
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Foto: Mauricio Morais

Pesquisa Datafolha publicada pela Folha de S. Paulo nesta terça-feira 10 aponta que 67% dos brasileiros são contra a entrega do patrimônio público para o capital privado. E apenas 25% são a favor das privatizações, enquanto 6% não sabem e 2% se declaram indiferentes.

“A pesquisa reforça que o povo sabe que a preservação do patrimônio nacional é fundamental para o desenvolvimento econômico e social do país, na medida em que as empresas privadas encaram as pessoas como consumidores e as empresas públicas tem o dever de enxergar a população como cidadãos”, afirma Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. 

De 2000 a 2017, ao menos 884 serviços foram reestatizados no mundo, segundo o TNI (Transnational Institute), centro de estudos em democracia e sustentabilidade sediado na Holanda.

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E as reestatizações ocorreram em países centrais do capitalismo, como Estados Unidos  e Alemanha. Isso por que, segundo o TNI, as empresas privadas priorizavam o lucro e os serviços eram ineficientes e caros.

“Portanto, forçar a entrega do patrimônio público, como preconiza o governo atual, vai na contramão da tendência mundial e da vontade dos brasileiros”, afirma Ivone.

No dia 4 de setembro foi lançada a Frente Parlamentar e Popular em Defesa da Soberania Nacional na Câmara dos Deputados, em Brasília.  

Na ocasião, a Frente aprovou um calendário de mobilização unificado em defesa da soberania nacional.

No dia 20 de setembro será deflagrado Dia Nacional de Paralisações e Manifestações em Defesa do Meio Ambiente, Direitos, Educação, Empregos e Contra a Reforma da Previdência. A atividade foi deliberada na Plenária Sindical Contra as Privatizações de Bolsonaro, realizada no dia 5, no Sindicato dos Bancários de Brasília.

Empresários e quem ganha mais de 10 salários mínimos 

A aprovação para a entrega das empresas públicas é maior entre os entrevistados com maior renda familiar, chegando a 50% entre os que têm renda acima de dez salários mínimos, e caindo a 16% para os de renda até dois salários. 

O Datafolha mostra ainda que a aprovação das privatizações em geral é mais alta entre homens (32%), pessoas com ensino superior (38%), e empresários (51%).

O tema também tem mais apoio entre os entrevistados que declararam ter votado em Jair Bolsonaro nas eleições de 2018: 39%, contra 12% entre os eleitores de Fernando Haddad. Também mostra que os simpatizantes do PSL (67% a favor e 27% contra) defendem mais as privatizações do que os eleitores de Bolsonaro (39% a favor e 53% contra).

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A pesquisa foi feita entre os dias 29 e 30 de agosto e ouviu 2.878 pessoas em 175 municípios do país. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.

Em agosto, o governo ampliou a lista de projetos que deseja entregar ao setor privado.

Foram incluídas nove empresas públicas no programa: Correios, Telebrás, Porto de Santos, Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev), Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores (ABGF), Empresa Gestora de Ativos (Emgea), Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec) e Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp).

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