A 6ª Conferência Regional UNI Américas encerrou-se neste sábado 7, após três dias de intensos debates, trocas de experiência e definição de estratégias de luta. Foram cerca de 600 delegados e observadores, representando 140 organizações sindicais de 28 países de todo o continente, reunidos em La Falda, província de Córdoba, na Argentina.
O movimento sindical bancário brasileiro esteve representado pela delegação da Contraf-CUT, da qual participou o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, com a presença de sua presidenta, Neiva Ribeiro, sua secretária-geral, Lucimara Malaquias, das diretoras executivas Ana Beatriz Garbelini e Karen Souza edos diretores Edegar Faria, Mércia Oliveira e Matheus Pinho.
“Encerramos mais uma grande conferência com uma grande representação de sindicatos de todo o nosso continente americano. Debatemos grandes temas que têm impacto sobre a vida, o trabalho e os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras do setor de serviço. Pudemos trocar experiências sobre nossos setores, nossos países, compartilhar estratégias bem sucedidas de organização, sindicalização e enfrentamento aos ataques a nossos direitos e às nossas democracias”, ressaltou a presidente do Sindicato, Neiva Ribeiro.
Ela lembrou que a 6ª Conferência Regional UNI Américas foi aberta na tarde de quinta 5, mas que os debates internacionais ocorrem em La Falda desde segunda-feira 2, com a realização de conferências por setores, como a 6ª Conferência UNI Finanças, a 7ª Conferência UNI Américas Mulheres e a 6ª Conferência UNI Américas Juventude.
“Debatemos a organização dos jovens, das mulheres, do setor financeiro. Compusemos diversos comitês dentro dos comitês de UNI e elegemos o companheiro Márcio Monzane, Secretário Regional de UNI Américas”, destacou.
“Foram dias de muito aprendizado para todos os dirigentes, especialmente para os jovens. Compartilhamos nossas campanhas, nossas lutas, para romper barreiras e fortalecer a solidariedade e a esperança coletiva, nossas palavras de ordem nestas conferências. Nosso Sindicato participou ativamente de todos os debates, painéis, da defesa de moções... e voltamos para o Brasil mais fortalecidos, pois sabemos que nossa luta é internacional e estamos preparados!”, reforçou a dirigente.
Durante a 6ª Conferência Regional UNI Américas Finanças, que ocorreu nos dias 2 e 3, a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, foi eleita presidenta da UNI Américas Finanças, e a presidenta do Sindicato, Neiva Ribeiro, comporá o comitê de Finanças e o comitê Regional da UNI Américas, na área 5, da qual os delegados do Brasil fazem parte.
Diversidade e igualdade de oportunidades
Os painéis deste sábado foram sobre respeito à diversidade, inclusão e igualdade de oportunidades para a promoção do trabalho decente.
A secretária de Organização e Suporte do Sindicato, Ana Beatriz Garbelini, fez uma exposição sobre a luta e as conquistas da entidade por um mundo mais justo e inclusivo para todos, em especial para as mulheres, para pessoas negras e para a população LGBTQIA+.
Ela destacou o fato de que a bandeira do Sindicato pela inclusão de mulheres em postos de comando começa pela própria entidade: “A categoria bancária brasileira é composta por quase 50% de mulheres e isso se reflete na diretoria do nosso Sindicato, que tem mais de 40% de mulheres e na sua direção executiva somos 90% de mulheres.”
E elencou alguns avanços na Convenção Coletiva de Trabaho (CCT) da categoria na questão de gênero: “Nossa Convenção conta com diversas cláusulas voltadas para a equidade de gênero, garantindo que os direitos das mulheres sejam efetivamente respeitados no ambiente de trabalho.”
Citou como avanços na pauta racial, o lançamento da cartilha “Desconstruindo o Racismo”, com o objetivo de promover letramento racial para dirigentes e associados. E na pauta LGBTQIA+, a conquista de cláusulas na última CCT como a de repúdio a qualquer discriminação e a de garantia do uso do nome social de pessoas trans. E ainda a conquista de canal de apoio e denúncia de casos de discriminação, assédio moral e sexual, e a promoção de ações para mitigar desigualdades salariais.
“Essas conquistas são fruto de uma luta constante e de um compromisso que todos nós temos. Sabemos que é um caminho longo e que muitos desafios ainda persistem”, disse a dirigente, fazendo neste ponto de sua fala uma importante denúncia de ameaça aos direitos das mulheres brasileiras, que está em tramitação no Congresso, a PEC do aborto, que pretende criminalizar o aborto mesmo nos casos em que ele é permitido por lei: quando há risco de vida para a mulher ou quando a gestação é resultado de estupro.
“Criminalizar o aborto nessas condições significa obrigar mulheres e meninas a seguir com uma gestação forçada, agravando o trauma de uma violência sexual, colocando sua saúde e bem estar em risco. O Estado não deve decidir sobre nossos corpos”, destacou.
Desigualdades salariais
A ex-presidenta do Sindicato, Ivone Silva, atual presidenta do Instituto Lula, também participou do primeiro painel e falou sobre as desigualdades salariais entre homens e mulheres no país, que persistem apesar das ações positivas do atual governo Lula, como a lei que estabelece salários iguais para as mesmas funções, sancionada pelo presidente em 2023.
“Houve um aprofundamento dessa desigualdade no governo fascista de Bolsonaro. Hoje, 39,9% das mulheres ocupadas ganham até um salário mínimo, e o problema é ainda maior quando se faz um recorte de gênero: 49,4% das mulheres negras recebem até um salário mínimo, enquanto que entre os homens brancos essa proporção é de 20,4%”, disse Ivone.
Novo Comitê Regional
A Conferência encerrou-se com a eleição do novo Comitê Regional UNI Américas, que ficará à frente da entidade pelos próximos quatro anos. O argentino Héctor Daer e o brasileiro Márcio Monzane – que é ex-diretor do Sindicato – foram reeleitos para, respectivamente, a presidência e a secretaria-geral da UNI Américas.
“Queremos que a UNI Américas siga sendo uma referência regional na defesa da democracia, e junto com vocês construiremos soluções a todos os desafios do presente, sempre mirando o futuro que desejamos. Essa esperança coletiva se constrói com o diálogo entre os veteranos e os mais jovens, uma esperança que sustentará nossa organização para enfretar os desafios do mundo digital, das novas tecnologias, sem renunciar a direitos e dignidade”, disse Monzane em seu discurso de agradecimento.
A UNI Américas é o braço continental da UNI Global Union, sindicato mundial que representa 20 milhões de trabalhadores de serviço em todo o mundo, com centenas de organizações sindicais filiadas, entre elas o Sindicato dos Bancários de São Paulo.
O Sindicato fez a cobertura completa dos encontros em La Falda, no site e nas suas redes sociais:
- UNI Américas: reunidos na Argentina, trabalhadores do continente debatem desafios do mundo do trabalho e a organização da luta coletiva
- UNI Finanças: Trabalhadores da América defendem democracia e desenvolvimento com igualdade e inclusão social
- UNI Mulheres: a Tralhadoras da América discutem empoderamento e maior participação feminina nos espaços de decisão
- Juventude discute ações para um mundo digital solidário e sustentável
- Com chamado à solidariedade e ação coletiva, foi aberta a 6ª Conferência da UNI Américas
- Campanhas bem sucedidas e novos direitos: troca de experiências marcou 1º dia de debates na 6ª Conferência UNI Américas
- Radicalizar a democracia é promover direitos sociais’, defende Juvandia na 6ª Conferência da UNI Américas