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30 de outubro de 1985: o legado da greve pelas 6 horas

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Há 35 anos, os empregados da Caixa realizavam uma paralisação histórica, que resultou na conquista da jornada de 6 horas e no direito à sindicalização como bancários
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Arte: Linton Publio/Seeb-SP

30 de outubro de 1985. Uma data histórica para os empregados da Caixa, para a categoria bancária e para a luta de todos os trabalhadores. Foi neste dia, 35 anos atrás, que os empregados da Caixa fizeram uma paralisação de 24h, definida no primeiro Conecef da história e que ficou conhecida como greve pelas 6 horas, com quase 100% de adesão em unidades e departamentos do banco público. A mobilização assegurou a tramitação, em regime de urgência, na Câmara dos Deputados, do projeto de lei que determinou a jornada de 6 horas. E, na sequência, outro projeto garantiu o direito dos empregados da Caixa de se sindicalizarem como bancários.

Sindicalize-se e fortaleça a luta em defesa dos direitos dos bancários

Entretanto, a fagulha que inflamou a luta dos empregados da Caixa, que resultou na conquista da jornada de 6 horas e no enquadramento dos empregados como bancários e não mais como economiários, se deu pela mobilização dos auxiliares de escritório, que lutavam para que fossem reconhecidos como escriturários. Os dois cargos exerciam as mesmas funções, mas o piso para o auxiliar de escritório era a metade do salário de ingresso no Plano de Cargos e Salários.

Cartilhas destacam importância da Caixa e luta dos empregados

Reconhecer o legado

“O ano de 1985 foi histórico, deixou um legado importantíssimo para a luta dos empregados da Caixa, para a categoria bancária e também para todo o conjunto dos trabalhadores. Mostrou que quando nós nos unimos, o que na época aconteceu inicialmente por conta da reivindicação dos auxiliares de escritório, somos mais fortes e todos saem ganhando. Devemos muito aos lutadores e lutadoras que fizeram de 1985, não só do dia 30 de outubro, um marco histórico para os empregados da Caixa”, diz o diretor do Sindicato e empregado da Caixa, Dionísio Reis

Mirar o futuro

Para o dirigente, as mobilizações de 1985 devem inspirar os empregados de hoje na luta em defesa dos direitos, empregos e da Caixa 100% Pública. “Devemos nos espelhar e honrar esse legado de 1985. Nós aprendemos muito com aquele movimento. Hoje, temos claro que a nossa força é construída na unidade, organização, mobilização e, por fim, na luta. Quando atacados nos nossos direitos, nos unimos e vencemos. Quando a Caixa é atacada na sua função social enquanto banco público, nos unimos e vencemos. Foi assim em 1985, em diversas lutas que tivemos depois, e tem de ser assim hoje e sempre”, enfatiza.

“O homem coletivo sente a necessidade de lutar, como cantava Chico Science. Nós lutamos porque é na luta que nos encontramos. A luta é longa, é pra vida, é dura, mas seguimos firmes, sem pressa. Na soma das nossas individualidades construímos nossa unidade, encontrando sentido e alegria na coletividade. Para mim, este é o legado de 1985. Seguirmos juntos na luta, cabeça erguida, firmeza na marcha e alegria no coração. É assim que venceremos estes tempos tão duros. Juntos, nós sempre vencemos”, conclui Dionísio.

Algumas datas importantes de 1985

– 6 de agosto: Dia Nacional de Luta. Empregados da Caixa distribuem cartas abertas à população e enviam telegramas ao Ministério da Fazenda.

– 11 de agosto: Paralisações de duas horas realizadas em agências de Brasília (DF) e do Ceará.

– 11 de setembro: Presidente da Fenae, José Gabrielense, recebe mensagem informando que o ministro da Fazenda havia se manifestado contrário às reivindicações da categoria.

– 13 de setembro: Cerca de 800 empregados da Caixa protestam e realizam uma passeata na Avenida Paulista, em São Paulo (SP).

– 19 e 20 de outubro: Realização do 1º Conecef, em Brasília (DF), no qual mais de 500 pessoas aprovam a data de 30 de outubro para a greve de 24 horas.

– 30 de outubro: Greve histórica, quando todas as unidades da Caixa são fechadas Brasil afora.

– 4 de novembro: Caravanas de empregados da Caixa ocupam Brasília (DF). Pressionado, o deputado federal Pimenta da Veiga dá aval para o regime de urgência ao projeto de lei que estabelece a jornada de seis horas para a categoria.

– 28 de novembro: Projeto das seis horas é aprovado na Câmara dos Deputados. No mês seguinte, a proposta também passa pelo Senado Federal.

– 17 de dezembro: Presidente da República, José Sarney, sanciona a lei que garante a condição de bancário aos empregados da Caixa.

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