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Chapéu
Trabalhadores querem valorização

C6: precisamos falar sobre meritocracia e confiança

Imagem Destaque
Imagem em desenho composta de dois trabalhadores disputando cabe de guerra e, atrás deles, um banqueiro acendendo um charuto com um monte de cédulas de dinheiro

O C6 cobra constantemente dos seus empregados a “cultura” do banco, baseada em valores e premissas institucionais. “Cultura” que já foi utilizada como justificativa para demissão de trabalhadores que, segundo a empresa, não a estavam praticando.

“A instituição financeira estabelece um ambiente altamente competitivo e doentio com metas cada vez mais altas e prega a meritocracia, mas na hora de remunerar este trabalho, o banco segrega trabalhadores e paga valores diferentes.”

Lucimara Malaquias, secretária-geral do Sindicato

Diferentemente da grande maioria dos bancários de outras instituições financeiras, nos últimos quatro anos, os bancários do C6 não receberam PLR, porque a instituição financeira não apresentou lucro.

Esses trabalhadores, mesmo não recebendo, permaneceram no banco e deram seu melhor. Nesses anos, o banco negociou com o Sindicato o Plano Próprio de Remuneração (PPR), baseado em metas e critérios e firmados em um acordo coletivo, negociado com o sindicato e aprovado pelos trabalhadores em assembleias. 

C6 socializa prejuízos e limita participação nos lucros

Finalmente, quatro anos depois, e resultado direto do empenho e comprometimento de mais de 3 mil trabalhadores, estes agora deveriam receber a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e o PPR somados. Um não compensa e nem substitui o outro. Tem critérios e gatilhos distintos (saiba mais abaixo).

O C6, contudo, desistiu de negociar o PPR com o Sindicato, justamente porque não houve anuência da entidade para reduzir o pagamento, que foi feito de forma incorreta, sem discussão em tempo hábil com os trabalhadores, sem convocação para assembleia, e sem garantia do direito de recusa aos trabalhadores.

“Este processo demonstra que meritocracia dentro do C6 só existe na hora de cobrar meta. O banco quebrou a relação de confiança com os seus trabalhadores, elemento básico de uma cultura institucional que visa dar sustentação para a continuidade dos negócios. O banco socializou os prejuízos, deixando de pagar PLR por quatro anos, mas não quer socializar o lucro gerado pelos trabalhadores. Que meritocracia é essa?”, questiona  o diretor do Sindicato André Bezerra.

C6 segrega e rebaixa grupo de trabalhadores

Há ainda um grupo de funcionários que afirmam terem sido muito prejudicados no pagamento. Segundo o C6, esses funcionários “não deveriam ser bancários”. Há casos de empregados que receberam em torno de R$ 400 de PPR.

O Sindicato defende que todos os trabalhadores do C6 são bancários. Portanto, devem receber a PLR conforme regra definida em CCT. Esta situação exemplifica tudo o que o Sindicato sempre cobrou dos bancos.

“A meritocracia, na prática, só existe como instrumento de pressão. Na hora de remunerar, fica claro que meritocracia é uma falácia. O banco vende ilusão e entrega frustração. O C6 poderia incluir na sua cultura institucional compromissos em fazer negociação coletiva com o Sindicato, pagar corretamente o devido, e garantir transparência aos trabalhadores sobre o que e como esta sendo pago. Se aplicadas, essas medidas dariam um salto de credibilidade e confiança entre seus funcionários”, afirma Lucimara Malaquias.

Processo enviesado

Desde o ultimo dia 30, o Sindicato recebeu diversas denúncias de trabalhadores. Eles apontam que não foram convocados para a assembleia, e sequer sabiam da sua ocorrência; que houve pagamentos totalmente discrepantes do que era esperado e devido a esses trabalhadores, criando um clima interno de total desconfiança entre os funcionários.

Importante ressaltar que o Sindicato não deu anuência para pagamentos de PPR, tampouco negociou sua compensação e ou redução. Não teve acordo coletivo sobre PPR com o C6. Foi negociado via Fenaban, com todos os bancos, inclusive com o C6, acordo de PLR.

O Sindicato disponibilizou um simulador para os trabalhadores saberem quanto devem receber de PLR.

A PPR deveria se somar a PLR e não substituir como fez o C6. Portanto, qualquer valor que o bancário tenha recebido pode ter sido menor. Fique atento. 

PLR e PPR: entenda a diferença

PLR

A lei 10.101, promulgada em dezembro de 2000, legisla sobre a distribuição de lucros visando integração entre capital e trabalho, bem como um estímulo à produtividade.

Esta lei determina o pagamento em não mais de duas vezes ao ano, e o período não pode ser inferior a um trimestre, para que não se torne habitual, pois na PLR não incidem encargos trabalhistas.

No entanto, é a negociação coletiva, por meio de sindicatos, que define as regras desta distribuição do lucro, garantindo que todos os trabalhadores do banco recebam parte deste lucro, que foi construído com o esforço de todos. A regra é a mesma para todos e não pode excluir areas e ou grupos de trabalhadores. Seu pagamento é devido sempre que os bancos registram lucro. 

As regras da PLR são descritas na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). 

PPR

Baseado em metas de produtividade, o PPR pode ser negociado com o Sindicato e ou via comissão interna de trabalhadores. Importante lembrar que toda vez que se exclui o sindicato, os trabalhadores perdem, normalmente os bancos fazem por comissão interna de trabalhadores, justamente para suprimir direitos, segregar areas e diferenciar o pagamento entre trabalhadores, situações que são, sempre, vetadas pelo sindicato. 

O que o banco paga a titulo de participação nos lucros e resultados garante ao banco isenção fiscal do governo. 

Sindicato segue cobrando resposta do C6

O Sindicato já cobrou resposta do C6 sobre esta situação, e o banco se comprometeu a se reunir com a entidade quinta-feira, 3. O Sindicato estuda também medidas judiciais.

“Se o C6 quis economizar no pagamento de PLR e PPR, poderá ter sérios problemas com a Justiça. Todo o processo, desde a instituição da comissão, passando pela assembleia sem participação da maioria dos trabalhadores, até o pagamento, está repleto de erros que representam enorme insegurança jurídica e institucional para o C6. Seus funcionários não confiam mais neste processo, e recuperar a confiança numa relação pode ser algo custoso e demorado”, finaliza a secretária-geral do Sindicato.

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