O Sindicato dos Bancários de São Paulo realizou um protesto em uma agência do Itaú localizada no bairro do Jaçanã, na zona norte de São Paulo. A atividade realizada na segunda-feira 22 foi motivada para denunciar o recente histórico de demissões na unidade: foram sete em cerca de um ano e meio. A última delas em outubro, sob a alegação de que o bancário demitido, de 48 anos de idade, não estava acompanhando as mudanças do banco.
“Quais são as mudanças que o banco diz que o bancário não acompanha? Porque a lógica continua a mesma de sempre: vender produtos, bater meta. A maioria dos bancários demitidos sob a alegação de não estarem acompanhando as mudanças do banco têm mais de 40 anos. Este último trabalhador demitido, por exemplo, estava entregando, sua avaliação no ‘Evolui’ estava acima dos 110 pontos, batendo meta, mas sua nota acabou ficando abaixo do esperado devido a uma das métricas ser uma avaliação por critérios subjetivos e pessoais, o que justificou a demissão”, relata Márcia Basqueira, diretora do Sindicato e bancária do Itaú.
Além das demissões, adoecimentos
Uma das sete demissões em cerca de 18 meses foi a de uma bancária que fazia acompanhamento médico por conta de doença do trabalho. Há ainda outro caso de afastamento por doença.
“Esse histórico de demissões instaurou um clima de medo que nos preocupa muito. Por isso realizamos a atividade para chamar a atenção do banco e da população para o que está ocorrendo não só naquela unidade, mas no setor bancário de uma forma geral: uma epidemia de adoecimentos e de demissões por conta da violência organizacional focada no cumprimento de metas muitas vezes inatingíveis e com critérios de avaliações subjetivos ou pouco transparentes”, afirma Adriana Magalhães, diretora do Sindicato e bancária do Itaú.
Dados reforçam epidemia de adoecimentos
A Consulta Nacional à categoria, feita entre abril e junho, também reforça o problema:
- 39% dos participantes usam ou usaram remédios controlados nos últimos 12 meses, como antidepressivos, ansiolíticos e estimulantes;
Quando questionados sobre quais medidas deveriam ser adotadas para um ambiente ético, cooperativo e respeitoso nos bancos, os participantes apontaram:
- a definição das metas levando em consideração porte, região, perfil de clientes e número de empregados na unidade (51%);
- que as metas fossem readequadas em caso de redução de funcionários (46%);
- e a maior participação dos bancários na definição das metas e dos mecanismos de sua aferição (38%).
Em relação aos impactos à saúde das cobranças excessivas pelo cumprimento de metas:
- 67% responderam ter preocupação constante com o trabalho;
- 60% responderam sentir cansaço e fadiga constante;
- 53% sentem-se desmotivados e sem vontade de ir trabalhar;
- 47% têm crises de ansiedade/pânico; e 39% sentem dificuldade de dormir mesmo aos finais de semana (entre outros sintomas).
“Estes números, obtidos por meio de uma consulta realizada com mais de 46 mil bancários, revelam a dimensão do problema, mas também apontam caminhos que os bancos podem tomar para tornar o ambiente de trabalho mais saudável e produtivo. Mas, infelizmente, na última Campanha Nacional, os bancos negaram a relação entre gestão e adoecimento da categoria, mesmo diante dos dados alarmantes apresentados pelo Comando dos Bancários”, afirma Márcia.
“O Sindicato seguirá protestando e denunciando as demissões e os adoecimentos gerados pelo assédio moral enquanto essa situação perdurar. E os bancários devem seguir denunciando ao Canal de Denúncias do Sindicato, que garante o total sigilo da identidade do denunciante e a efetividade na apuração e na solução dos problemas”, acrescenta Adriana.
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