
Neste sábado, 11 de outubro, é celebrado o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Física, uma data que convida toda a sociedade a refletir sobre a inclusão, o respeito e a eliminação das barreiras que ainda impedem o exercício pleno da cidadania. Instituída pela Lei nº 2.795, de 1981, a data busca promover a conscientização social e a defesa dos direitos das pessoas com deficiência, incentivando ações concretas que assegurem qualidade de vida, acessibilidade e equidade.
De acordo com o Censo 2022 do IBGE, 14,4 milhões de brasileiros, ou 7,3% da população com dois anos ou mais, são pessoas com deficiência. Apesar de representarem uma parcela significativa da sociedade, ainda enfrentam grandes desafios para garantir o direito ao trabalho. Segundo a RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) de 2024, apenas 1,32% dos empregos formais no país são ocupados por pessoas com deficiência. No setor bancário, o índice é maior, 4,3% dos trabalhadores (18.310 de um total de 424.021), mas ainda distante do ideal.
Sindicato na linha de frente pela inclusão
O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região tem atuação constante na defesa das pessoas com deficiência, tanto dentro das instituições financeiras quanto na sociedade em geral. A entidade mantém um diálogo permanente com os bancos, buscando ampliar políticas de contratação, acessibilidade, igualdade e valorização profissional.
Entre as conquistas obtidas por meio da luta da entidade estão o direito ao abono ausência para conserto de ajudas assistivas, fundamental para garantir a autonomia de quem depende de equipamentos de apoio, e a isenção da coparticipação no plano de saúde para pessoas com deficiência, já conquistada no Santander.
Essas vitórias, embora importantes, são parte de um caminho que ainda exige mudança estrutural e cultural. É o que destaca Maria Cleide Queiroz, dirigente do Sindicato e coordenadora do Coletivo Nacional dos Trabalhadores e das Trabalhadoras com Deficiência da CUT (Central Única dos Trabalhadores).

“Imagine tentar andar pelo bairro e encontrar buracos, degraus e postes no meio da calçada. Para quem usa cadeira de rodas ou tem dificuldade de locomoção, o simples ato de ir até uma pracinha pode se tornar uma prova de superação”, relata Maria Cleide. Ela reforça ainda que as dificuldades vão muito além das barreiras físicas e incluem a falta de sensibilidade social e o preconceito disfarçado em desconfiança.
“Nem toda deficiência é visível. Muitas vezes, uma pessoa com deficiência física enfrenta constrangimentos ao utilizar a fila preferencial, por exemplo, porque outras pessoas duvidam que ela tenha esse direito. É doloroso ter que provar, diariamente, que você tem uma limitação e que merece respeito. Isso mostra que ainda precisamos evoluir muito em empatia e compreensão.”
Maria Cleide Queiroz
Para Maria Cleide, a inclusão não é um favor, mas um dever do Estado e da sociedade. “Ainda lutamos para que as autoridades lembrem que os espaços públicos devem ser acessíveis a todos e que ser uma pessoa com deficiência é ser normal, como qualquer outra. Temos limitações motoras, sim, mas isso não diminui nossa capacidade de produzir, interagir e contribuir com o mundo. O que falta é que as pessoas entendam que a inclusão não é sobre caridade, e sim sobre justiça social”, conclui.
