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Brasileiros não associam violência à discriminação

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Apesar dos números revelarem grande diferença entre mortes de negros e brancos, apenas 2,4% de entrevistados pelo DataSenado consideram preconceito como causa
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São Paulo - Em 2010, 33.264 afrodescendentes foram mortos no Brasil, contra 13.668 brancos - uma diferença de mais de 140%. Do total de homicídios, mais da metade são jovens de 19 a 29 anos como vítimas. Apesar destes índices, a percepção dominante é de que brancos e negros morrem na mesma proporção. É o que revela a pesquisa "Violência contra a juventude negra no Brasil", que a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) divulgou na quarta 7.

Segundo a ministra Luiza Bairros, "os resultados desse levantamento permitirão identificar discrepâncias entre as opiniões captadas e as estatísticas oficiais", disse.
A pesquisa, realizada numa parceria com o DataSenado, do Senado Federal,  investigou a opinião popular sobre causas da violência entrevistando 1.234 pessoas de 123 municípios do país, incluindo todas as capitais, no mês de outubro. Entre os entrevistados, apenas 2,4% atribuem a discriminação racial como fator ligado ao extermínio de jovens negros.

A coordenadora da pesquisa, Elga Teixeira Lopes, comentou que os dados mostram como a sociedade brasileira não se dá conta da seriedade da situação. "Apenas metade da população acredita que ser negro ou ser branco afeta a vida de uma pessoa no Brasil. Menos de 22% dos negros declara que se sentiu discriminado por sua cor ou raça”. E completa: “Os negros, entre os pobres, são os mais pobres; entre os que têm dificuldade de acesso à educação, os que têm mais dificuldade; entre os doentes, os mais graves; entre os que morrem vítima de violência, a ampla maioria”.

Combate à violência em São Paulo - Eunice Lea de Moraes, gerente de Projetos da Seppir, informou à CUT/SP que será lançado no fim do mês o programa Juventude Viva, com ações como a adoção do período integral nas escolas estaduais e criação de mais espaços culturais. O programa prevê, ainda, a capacitação dos profissionais que atuam com a juventude, incluindo os policiais militares.

Com o lançamento nacional, a implementação começará nos Estados que concentram os 132 municípios com maior índice de mortalidade de jovens negros e em localidades onde já existam projetos de segurança desenvolvidos pelo Ministério da Justiça. “Vamos chegar em São Paulo porque o programa é para os municípios e deve ser implantado na Capital a partir próximo ano”, garantiu Eunice.


CUT/SP, com informações da Agência Senado - 9/11/2012
 

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