São Paulo – O Cortejo Afro dos Bancários é realizado há anos com o objetivo de ressaltar algumas bandeiras do movimento negro, como o fim do preconceito e a importância da igualdade de oportunidades dentro dos bancos, entre outras reivindicações. E, além disso, o evento sempre presta homenagens a importantes nomes que colaboraram com a luta pela diversidade e igualdade no país ou que simbolizam o povo negro. Em 2011, as homenagens prestadas foram para Oxum (orixá que regeu o ano de 2011), para a sambista Dona Ivone Lara e Luiza Mahin, uma das líderes da Revolta dos Malês, contra a escravidão e a intolerância religiosa há mais de 170 anos.
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Esse ano, o cortejo ocorre na quarta-feira 21, um dia após o feriado do Dia da Consciência Negra, e reivindica mais justiça social para a população negra.
O orixá homenageado será Xangô, considerado pai da política e da justiça e conhecido como o orixá mais vaidoso entre os deuses masculinos. “No dia a dia, sua presença está nos fóruns, delegacias, ministérios políticos. Encontramos Xangô nas lideranças de sindicatos, associações, movimentos políticos, nos partidos políticos, nas campanhas, enfim, em tudo o que gera habilidade no trato das relações humanas ou nos governos, de um modo geral”, explica o secretário de Cultura do Sindicato, Kardec de Jesus, ao convidar todos os trabalhadores a ocupar as ruas do Centro para celebrar a data.
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Outra homenagem será ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No mercado de trabalho, em 1999, negros recebiam menos de 50% da renda da população branca com o mesmo nível de escolaridade. Segundo dados do estudo Vozes do Brasil e do Data Popular, a renda de negros e nordestinos cresceu o dobro da média da classe C nos últimos dez anos. O aumento da renda geral da classe média foi de 57%, e se elevou 123% para os negros e nordestinos entre 2002 e 2012. Ou seja, a desigualdade diminuiu durante o governo Lula.
“A discrepância na renda entre brancos e negros existe e ainda é muito grande, até mesmo dentro dos bancos. Ainda não temos o que comemorar. No entanto, quando olhamos o país após o governo Lula e com a continuidade das políticas públicas para os negros, como as cotas nas universidades, por exemplo, nada mais justo que homenagear um dos homens que mais se preocupou com o movimento negro enquanto presidente”, ressalta o diretor do Sindicato e coordenador do Coletivo de Combate ao Racismo da entidade, Júlio César Silva Santos.
O cortejo também homenageará Abdias do Nascimento, que faleceu em maio de 2011 e foi o primeiro deputado federal do país que se dedicou à causa dos negros. Foi sugestão dele instituir o Dia da Consciência Negra como um feriado em São Paulo, comemorado desde 2006. Em 2010, Abdias foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz por conta da defesa dos direitos humanos dos afrodescendentes. E essa luta começou bem antes. Na década de 1930, já atuava na Frente Negra Brasileira. Fundador do Teatro Experimental do Negro, o ativista foi preso pelo governo Getúlio Vargas por resistir a agressões racistas.
Em 2006, Abdias recebeu das mãos do então presidente Lula a honraria mais alta outorgada pelo governo brasileiro, a Ordem do Rio Branco.
O cortejo, que começa às 12h, sairá da sede do Sindicato (Rua São Bento, 413, Centro), passará pelo Viaduto do Chá até a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, no Largo do Paissandu. A finalização do ato será na Praça Antônio Prado, em frente à sede do Sindicato. A cantora Adriana Moreira e um balé afro animarão a caminhada.
Gisele Coutinho – 12/11/2012
