São Paulo – “Setor bancário tem dados racistas alarmantes.” A afirmação é do dirigente sindical Júlio César Santos, coordenador do Coletivo de Combate ao Racismo do Sindicato, ao analisar a realidade do negro no ramo financeiro, justamente no mês em que se comemora a Consciência Negra.
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O diretor explica que a contratação de negros é muito pequena e, quando existe, é para cargos em que não há visibilidade. “No atendimento direto aos clientes o banco ainda usa a teoria de que a imagem do negro não é ‘vendável’, como se ele fosse invisível mesmo.”
Segundo Júlio, a discriminação ocorre não só nos setores internos, como também no atendimento externo. Ele relata que já houve caso em que a cliente de um banco chegou a dizer: “eu prefiro não ser atendida a ter que ser atendida por um funcionário marrom (sic)”. Na ocasião, o trabalhador entrou com processo contra a cliente.
“Sempre digo que a questão do preconceito, além dos dados, é sentida na pele e no olhar indiferente das outras pessoas”, defende o representante dos bancários, ao relembrar o episódio.
Dados – De acordo com o Mapa da Diversidade, divulgado em 2009 pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), no cruzamento da população economicamente ativa no setor bancário, com o recorte racial e de gênero dos bancários de São Paulo, 84% são mulheres brancas, em contraponto a 17% das mulheres negras. No que se refere aos homens, apenas 19% dos postos de trabalho são ocupados por negros, enquanto 81% correspondem aos brancos.
Do total de negros, somente 2,3% estão na categoria ‘pretos’. “Isso demonstra que quanto maior a melanina, maior a discriminação”, defende Julio. Além disso, o dirigente destaca que isso representa uma cultura de poder, pela qual se procura, inclusive, afastar os negros dos cargos de destaque.
Preconceito invisível – O Mapa da Diversidade ainda mostra que no Brasil ‘pretos’ recebem 64,2% e ‘pardos’ 67,6% do rendimento dos brancos, todos celetistas ativos. “Comprovar o preconceito não é fácil, é algo velado. Ninguém vai dizer que você recebe menos ou não terá um melhor cargo por ser negro, mas os dados comprovam”, desabafa o dirigente.
Redação, com informações da CUT/SP - 8/11/2012