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Audiência na Alesp debate imigrantes africanos

Linha fina
Promovida pelo deputado estadual e ex-presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino, debateu a real situação dos africanos no Brasil
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São Paulo - O auditório Paulo Kobayashi da Assembleia Legislativa recebeu na segunda 3, representantes de diversas comunidades africanas, de países como Angola, Guiné, Gana, Costa de Marfim, Uganda, Nigéria e Camarões, para debater a questão dos imigrantes africanos no estado de São Paulo e no Brasil.

Idealizador do evento, o deputado e expresidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino (PT), disse que a audiência foi resultado de uma série de outros encontros, envolvendo representantes de governos e entidades das comunidades africanas, ao longo dos últimos anos e tem como objetivo expor a real situação dos africanos no Brasil e criar condições para a inclusão de seus membros na sociedade brasileira. "Devemos acolher bem todos aqueles que aqui chegam, independente da origem, da crença e das razões da imigração", disse Marcolino, ao lado de Ngouan Kouassi Lambert, da Confederação das Comunidades Africanas do Brasil (CCAB), que agradeceu pela iniciativa.

Para o padre Paulo Parisi, da pastoral Missão e Paz, as empresas também deveriam se engajar na questão. "Acabar com o preconceito e discriminação e dar chance aos imigrantes africanos que procuram trabalho no país é responsabilidade também do setor privado", disse. Parisi foi referendado por Julio César Santos, diretor do Sindicato, qdenunciou a falta de sensibilidade dos bancos em contratar negros. "Os negros brasileiros também são vítimas do preconceito empresarial".

Ao classificar o momento como especial, a diretora da Feira Internacional Afro-Étnica de Comércio, Cultura e Arte (Feafro), Silvana Saraiva, acusou o preconceito racial como entrave para os africanos que buscam acolhimento no país. "É preciso compreender a diversidade cultural e o potencial empreendedor dos povos africanos para enxergarmos o quanto eles podem contribuir para o desenvolvimento do nosso país", disse.

Cleide Vitorino, especialista em questões de imigração da USP, chamou a atenção para o fato de que o preconceito aos africanos não é apenas racial, mas também de origem. Ela classificou como mais grave, a situação dos "não vistos", aqueles imigrantes que não obtêm a documentação mínima para viver no país. "Sem acolhimento do Estado, muitos são atraídos para o crime", disse.

Paulo Illes, da Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), citou algumas medidas governamentais já encaminhadas: a inclusão de outros imigrantes, além dos haitianos, no Pronatec, e proposta de tirar da Polícia Federal a competência para lidar com imigração. "A ideia é criar um órgão civil", informou.

O secretário da promoção e igualdade racial do município de São Paulo, Antonio Silva Pinto, disse que o governo brasileiro é sensível a questão. Ele citou o fato de o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal estarem autorizados a abrir contas para os imigrantes. Ao ressaltar as boas relações de comércio entre o Brasil e a África nos últimos anos, lamentou o que chamou de "guerra étnica", afirmando que só uma "saída internacional" colocará fim aos conflitos que têm vitimado as comunidades africanas. "Ninguém gosta de estar fora do seu país, se não for por lazer ou por motivos profissionais", disse Pinto.

Entre as várias dificuldades para adaptação no Brasil, os membros das comunidades africanas levantaram uma série de questões, entre as a burocracia na validação de documentos, a fim de garantir direitos, inclusive o de poder votar, e propuseram a criação de um dia para se comemorar a cultura africana no Brasil, semelhante ao Brazilian Day que acontece nos Estados Unidos.


Redação - 7/11/2014

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