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Bolsa Família entusiasma vencedor do Nobel da Paz

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Ganhador do prêmio em 2014, Kailash Satyarthi cita programa como base para educação, saúde e luta contra o trabalho infantil e sugere utilização por outros países
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São Paulo – O indiano Kailash Satyarthi, vencedor do prêmio Nobel da Paz neste ano, demostrou entusiasmo com os resultados da aplicação do Bolsa Família. Também sugere que o programa social do governo federal deva se espalhar pelo mundo.

“Educação, luta contra o trabalho infantil, saúde, tudo pode ser convertido em um único esforço. Como o Bolsa Família, que pode ser utilizado em outros países”, disse o indiano em entrevista para o programa Fantástico, no domingo 2.

Em dezembro, antes de ganhar o Nobel, ele esteve no Brasil e se encontrou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo. Além do Bolsa Família, o advogado indiano, que luta há 35 anos contra o trabalho infantil e salvou 80 mil crianças na Índia, onde nasceu e atua, elogiou as políticas públicas brasileiras. “Eu sei que a luta contra o trabalho infantil está muito próxima ao seu coração”, disse a Lula, na ocasião.

Reverência mundial – Kailash Satyarthi não é o primeiro a ver o programa com entusiasmo. Na Suíça, uma petição com nada menos do que 100 mil assinaturas levou a voto uma proposta que previa o pagamento de cerca de R$ 6 mil para todos os suíços. Mensalmente.

Segundo Christian Muller, um dos integrantes do comitê que coletou as assinaturas, a intenção não é combater a pobreza, mas permitir que as pessoas vivam suas vidas sem preocupações financeiras. “Garantir mais liberdade para todos no século 21.”

Os EUA também têm o SNAP – Supplemental Nutrition Assistance Program –  que ajuda 40 milhões de americanos de baixa renda a se alimentarem. É o mesmo formato de cartão magnético do programa brasileiro, com a diferença de que o benefício não pode ser sacado.

Só em Nova York, existe o Opportunity NYC desde 2007. Quando lançou, o prefeito da cidade à época, Michael Bloomberg, afimou ser “um inovador programa de transferência de renda com condicionalidades que visa auxiliar os novaiorquinos a romper o ciclo de pobreza e é baseado em programas bem sucedidos ao redor do mundo”.

Outro país que colocou programas sociais na pauta foi o Japão. Lá, no ano passado, o governo planejava pagar aproximadamente R$ 227 para famílias isentas de impostos, cerca de 24 milhões de domicílios.

A própria ONU aponta o sucesso do Bolsa Família. Foi citado como um bom exemplo de política pública na área de assistência social em Relatório sobre Erradicação da Pobreza do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, há três anos. Em 2014, a entidade voltou a elogiar o programa em seu relatório anual para o desenvolvimento humano.

Segundo o governo brasileiro, somente até 2013, 63 países consultaram o governo brasileiro em busca de informações sobre o programa.

Nomes importantes da imprensa estrangeira também aplaudem: “um esquema anti-pobreza originado na América Latina que está ganhando adeptos mundo afora” publicou a The Economist, da Inglaterra. Para o jornal francês Le Monde, “o Bolsa Família amplia, sobretudo, o acesso à educação, a qual representa a melhor arma, no Brasil ou em qualquer lugar do mundo, contra a pobreza”.

Prêmio – O sucesso mundial do Bolsa Família materializou-se no ano passado, quando ganhou o Award for Outstanding Achievement in Social Security, também conhecido como o Nobel da seguridade social. O destaque é dado pela Associação Internacional de Seguridade Social, entidade fundada em 1927 com sede na Suíça e reconhecida por 157 países e 330 organizações não governamentais.

O grande prêmio, concedido depois de uma série de pesquisas in loco, só é concedido a cada três anos.


Redação – 5/11/2014

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