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Censo mostra que desigualdade persiste nos bancos

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Comissão de Gênero, Raça e Orientação Sexual da Contraf-CUT analisa dados completos da segunda pesquisa sobre diversidade e confirma discriminação no setor bancário
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São Paulo – As mulheres continuam ganhando menos que os homens nos bancos, os negros ainda são minoria, apesar de mais presentes, e as instituições financeiras não cumprem a cota de 5% de pessoas com deficiência (PCDs) determinada por lei. Essas foram alguns dos destaques apontados pela Comissão de Gênero, Raça e Orientação Sexual da Contraf-CUT (CGROS) – formada por dirigentes de sindicatos de todo o país – após estudo mais detalhado dos dados completos do II Censo da Diversidade, fornecidos ao movimento pela federação dos bancos (Fenaban) na segunda-feira 3.

> Veja os dados completos

Cobrança – A análise dos números, realizada com assessoria do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), confirmou que sem a divisão dos indicadores por bancos privados e bancos públicos não há como identificar de forma mais precisa a desigualdade. O movimento sindical vai continuar cobrando essa informação.

“A quantidade de negros, por exemplo, passou de 19,3% em 2008, ano do primeiro censo, para 24,9% este ano, mas sem saber se esse avanço de 5,6 pontos percentuais se deve a concursos públicos ou contratações em bancos privados não temos como propor ações para avançar ainda mais”, explica a diretora executiva do Sindicato e membro da Comissão, Neiva Ribeiro.

A dirigente destaca que também falta o recorte sobre a situação das mulheres negras no banco. Quanto aos homens negros, aumentou o número com curso superior: eram 59%, em 2008, e passaram a 74,5%, em 2014.

LGBT – A novidade no II Censo foi a inclusão de perguntas voltadas para a população LGBT, reivindicação dos bancários acatada pela Fenaban. Segundo os dados, 1,9% dos entrevistados se declararam homossexuais; 0,6%, bissexuais e 85%, heterossexuais. Apenas 12,4% não responderam esse item, o que é interpretado como sinal de que os bancários não rejeitaram o tema.

O Censo também apurou o estado conjugal dos participantes: 1,1% dos bancários disseram que estão casados ou em união estável com pessoa do mesmo sexo e 61,6% disseram que estão casados ou em união estável com pessoa do sexo oposto.

Desigualdade de gênero – As bancárias têm qualificação profissional superior a dos homens. No primeiro levantamento, 71,2% das mulheres tinham curso superior completo e acima, no atual subiram para 82,5%. Para os homens, esse aumento foi de 64,4% para 76,9%.

Mas as mulheres continuam ganhando menos que os homens: em 2008 o rendimento médio mensal delas em relação ao dos homens era de 76,4%, agora é de 77,9%. Ou seja, nesses seis anos avançou apenas 1,5 ponto percentual.

PCDs – Os bancos ampliaram as contratações de pessoas com deficiência de 1,8% para 3,6%. Mas o número de bancários com deficiência motora caiu de 61,4%, em 2008, para 60,7%, em 2014. Por outro lado, a admissão de pessoas com deficiência auditiva subiu de 12,2% para 22,8% e com deficiência visual de 3,9% para 11,8%.

Idade e escolaridade – Nos seis anos que separam os dois censos a idade média do bancário aumentou. Os com menos de 25 anos eram 13,6% em 2008 e caíram para 6,5% em 2014. De 25 a 34 anos foram de 34,8% para 38,8%; de 35 a 44 eram 30,7% e agora são 24,6%; os na faixa de 45 a 54 anos aumentaram de 19,6% a 23,3%, e os com 55 ou mais também aumentaram, passando de 1,3% para 6,9%.

Os bancários com curso superior completo e acima (mestrado, doutorado, pós-graduação), que representavam 67,7% em 2008, passaram a 79,6% em 2014. Se forem somados os que têm curso superior incompleto, incluindo os que ainda estão estudando em faculdades, a participação passa para 95,8%. Ou seja, somente 4,2% têm apenas ensino médio.


Redação, com informações da Contraf-CUT – 7/11/2014

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