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Cortejo Afro sai às ruas no dia 19 de novembro

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Este ano, evento em comemoração ao Dia da Consciência Negra homenageia rainhas guerreiras da Etiópia, na era pré-cristã, e escritora Carolina Maria de Jesus
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São Paulo – Pelo 14º ano consecutivo o Sindicato realiza o Cortejo Afro pelas ruas do centro velho da capital: uma comemoração a 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. Como a data é feriado municipal, o evento ocorre na véspera, dia 19, saindo ao meio-dia da sede do Sindicato (Rua São Bento 413, Centro) em direção à Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, no Largo do Paissandu.

Este ano, o cortejo terá como tema Candaces, Mulheres Guerreiras, homenagem a uma dinastia de guerreiras negras que viviam no sul do Egito, local conhecido como Etiópia, como se chamava na antiguidade a região do continente africano onde viviam os povos negros. As rainhas candaces formavam uma sociedade matrilinear.

O evento presta homenagem também à escritora Carolina Maria de Jesus, cujo centenário de nascimento é comemorado este ano, e a Iemanjá, a orixá do candomblé que rege o ano de 2014.

Poeta da favela – Carolina Maria de Jesus nasceu em 14 de março de 1914, em uma comunidade rural de Minas Gerais. Negra, filha ilegítima e pobre, Carolina foi tratada como pária durante toda infância. Com a morte da mãe, em 1937, muda-se para São Paulo. Seu talento e personalidade forte foram descobertos pelo jornalista Audálio Dantas, quando fazia uma reportagem na favela do Canindé, em 1958.

Ela ficaria conhecida pelo livro Quarto de Despejo, um diário de sua vida desde que deixou Sacramento (MG), passando pela mudança, aos 17 anos, para São Paulo, onde trabalhou como empregada doméstica e catadora de papel. Lançada em 1960, a obra virou best seller, vendeu mais de 80 mil exemplares no Brasil e foi traduzido em 13 idiomas. Mas, depois do sucesso, veio o esquecimento, e Carolina morreu pobre, isolada em um sítio, em fevereiro de 1977.

Sua literatura só foi redescoberta na década de 1990, quando o brasileiro José Carlos Sebe Bom Meihy e norte-americano Robert Levine publicaram o livro Cinderela negra: a saga de Carolina Maria de Jesus e editaram duas coletâneas com alguns de seus escritos inéditos. Nos Estados Unidos, onde Quarto de Despejo ganhou o título de Child of the Dark, Carolina continua sendo lida e estudada nas escolas.

Itinerário – Os ritmos africanos puxados por batuques e pela voz da cantora Célia Nascimento embalarão o cortejo que percorrerá a Rua São Bento em direção à Praça do Patriarca, Viaduto do Chá, Praça Ramos, Rua Conselheiro Crispiniano, Largo do Paissandu, para na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, depois segue a Avenida São João até a Praça Antônio Prado.

Seminário – Antes do Cortejo Afro, o Sindicato realiza debates sobre Mídia e o Negro e Negro no Mercado de Trabalho. Será no Auditório Azul, na sede da entidade (Rua São Bento, 413, Centro) e começa às 9h30. As palestrantes são Alessandra Devulks, do Instituto Luiz Gama, Ana Flávia Marx, do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, e a deputada federal Janete Pietá.


Andréa Ponte Souza – 10/11/2014
*Atualizada às 18h40 de 18/11/2014

 

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