Pular para o conteúdo principal

Polícia ouvirá Taís Araújo sobre ataques racistas

Linha fina
Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, destacada para cuidar do caso, irá ouvir também os autores dos comentários que foram identificados
Imagem Destaque
São Paulo - A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou na segunda 2 que determinou a instauração de inquérito para apurar crimes de racismo contra a atriz Taís Araújo. A Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), destacada para cuidar do caso, irá ouvir a vítima e os autores dos comentários que foram identificados.

Os ataques aconteceram na noite de sábado 31 e, no dia seguinte, a atriz divulgou um texto no qual diz que não irá apagar os comentários e que tudo seria registrado e enviado à polícia. No Facebook, diz que denunciou, junto com outros usuários da rede, os perfis dos agressores.

Ainda na tarde de domingo 1º comentários em apoio à atriz ganharam destaque nas redes sociais. A hashtag #somosTodosTaisAraujo ficou entre os trend topics, assuntos mais tuitados em um determinado momento, no Brasil. A atriz agradeceu os internautas em seu perfil no Facebook.

“Faço questão que todos sintam o mesmo que senti: a vergonha de ainda ter gente covarde e pequena nesse país, além do sentimento de pena dessa gente tão pobre de espírito. Não vou me intimidar, tampouco abaixar a cabeça. Sigo o que sei fazer de melhor: trabalhar. Se a minha imagem ou a imagem da minha família te incomoda, o problema é exclusivamente seu!”, escreveu a atriz no texto, dirigindo-se aos autores das postagens racistas.

Taís Araújo acrescentou que, por coincidência, no momento das postagens racistas foram feitas, ela estava encenando “O Topo da Montanha”, um texto sobre Martin Luther King  que trata de afeto, tolerância e igualdade. “Quero que esse episódio sirva de exemplo: sempre que você encontrar qualquer forma de discriminação, denuncie. Não se cale, mostre que você não tem vergonha de ser o que é e continue incomodando os covardes. Só assim vamos construir um Brasil mais civilizado”.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) cobrou rigor na apuração e identificação de autores de racismo nas redes sociais.

“Devemos combater o racismo para que possamos edificar uma nação livre, plural, democrática e verdadeiramente igualitária. Este crime deve causar indignação sempre, não apenas quando grandes ícones fossem alvos, mas pessoas simples de todo o país”, ressaltou, em nota, o presidente da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho.

“Este é um crime que reflete o pensamento autoritário que ainda povoa certos setores da sociedade brasileira, incapazes de aceitar e compreender o outro em sua integralidade e de respeitar a diversidade do ser humano”, acrescentou.

Monitor de Direitos Humanos - O racismo é crime no Brasil e, por lei, quem praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional pode ser condenado a reclusão de um a três anos e além de pagar multa.

Denúncias podem ser feitas pelo 156, opção 7, ou em telefones específicos definidos em cada localidade (veja mais abaixo).

Outra forma é por meio de um aplicativo que vai monitorar postagens nas redes sociais que reproduzam mensagens de ódio, racismo, intolerância e que promovam a violência. Criado pelo Laboratório de Estudos em Imagem e Cibercultura da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), o instrumento será lançado em novembro e permitirá que usuários sejam identificados e denunciados.

Encomendado pelo Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, o Monitor de Direitos Humanos, como foi batizado o aplicativo, buscará palavras-chaves em conversas que estimulem violência sexual contra mulheres, racismo e discriminação contra negros, índios, imigrantes, gays, lésbicas, travestis e transexuais. Os dados ficarão disponíveis online.
Saiba onde denunciar crimes cibernéticos
Site da Safernet: o site recolhe denúncias anôminas relacionadas a crimes de pornografia infantil, racismo, apologia e incitação a crimes contra a vida.

Canal do Cidadão do MPF: o Ministério Público Federal recebe denúncias de diferentes tipos. A pessoa pode optar por manter os seus dados sigilosos ou não. A Procuradoria-Geral da República recomenda aos cidadãos apresentarem o maior número de provas para que o processo possa ter mais agilidade.

Disque 100: o canal recebe denúncias de abuso ou violência sexual. O serviço é coordenado pelo Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. O Disque 100 funciona 24 horas por dia. As ligações são gratuitas e podem ser feitas de qualquer local do Brasil. A denúncia é anônima e as demandas são encaminhadas para as autoridades competentes.
O que devo fazer quando me deparar com um crime cibernético?
1) Guarde todas as provas e indícios possíveis
2) Tire fotos das denúncias, "print screen" e imprima o material
3) Registre as denúncias com o maior número de detalhes
4) Não compartilhe ou replique comentários ofensivos ou que incitem ao crime
5) Crie uma rede de proteção às crianças vítimas. Não permita que ela fique exposta aos comentários ofensivos nas redes sociais


Redação, com informações de Isabela Vieira, Tâmara Freire e Mariana Tokarnia, da EBC - 3/11/2015
seja socio