A população negra no Brasil ainda sofre com condições desiguais no mercado de trabalho. Além do nível de desocupação maior, aqueles que conseguem uma vaga de emprego trabalham mais e recebem menos. A distância entre brancos e negros passa também pela escolaridade e por postos de trabalhos ocupados.
A análise foi sistematizada pelo Dieese, com base na pesquisa Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE. Divididos por gênero, raça, etnia e região do país, os dados do segundo trimestre deste ano são traçados ponto a ponto, evidenciando traços do racismo e do machismo no Brasil.
Uma mulher negra, por exemplo, precisa trabalhar 55 minutos a mais para recolher o mesmo que um homem branco ganha em uma hora. Já para os homens negros, o número é de 45 minutos a mais de trabalho. A economista Patrícia Pelatieri, coordenadora de pesquisas do Dieese, comenta o resultado do levantamento.
“Os dados comprovam um sentimento posto na sociedade. Existe uma desigualdade enorme no mercado de trabalho e no recorte de etnia e gêneros se aprofunda ainda mais”, afirmou, em entrevista à repórter Emilly Dulce, do Brasil de Fato, em matéria veiculada na Rádio Brasil Atual.
O rendimento médio por hora trabalhada também apresenta desigualdade de gênero e etnia no país, conforme explica a economista. Enquanto a média dos negros é de R$ 11 para homens e R$ 10, para mulheres, para as pessoas brancas é R$ 19 para homens e R$ 17, para mulheres. “Em todos os estados, os negros recebem 30% menos que os não negros, em média”, acrescenta.
No Brasil, apesar da população negra ser maioria, a desigualdade de oportunidade se repete nas cinco regiões. Em São Paulo, enquanto a mulher negra ganha R$ 10,82, por hora, o homem branco angaria R$ 21,84.