Na próxima quarta-feira (27), o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região terá uma importante reunião com a Crefisa para tratar das denúncias de assédio moral e sexual. O Sindicato espera que o encontro resulte em soluções concretas para a grave situação presente na empresa.
O Sindicato dos Bancários já recebeu uma enorme quantidade de denúncias contra gestores da mesa de crédito. São relatados xingamentos e humilhações; controle de idas ao banheiro; excesso de horas extras, necessidade de autorização do gestor para deixar o trabalho; controle e restrição para idas ao médico; e suspeita de assédio sexual por parte de alguns gestores, sem a devida apuração e responsabilização dos responsáveis; entre outras questões.
Demissões
Outra questão grave a ser tratada pelo Sindicato com a Crefisa diz respeito às recentes demissões. Informações passadas ao Sindicato dão conta que seis analistas de crédito foram demitidos no início de novembro. De acordo com os relatos, esses trabalhadores eram positivamente avaliados e entregavam bons resultados.
Estranhamente, ao mesmo tempo em que demite, a Crefisa anuncia 20 vagas para analista de crédito no portal Infojobs. Essa contradição é apontada por Marcelo Gonçalves, trabalhador bancário e representante sindical do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo.
"Não somos contra a oferta de novas vagas, pelo contrário, isso é ótimo para fortalecer a categoria e combater a sobrecarga de trabalho. Portanto, essa é uma boa e importante notícia sobre a Crefisa que deve ser comemorada. Entretanto, levantamos o questionamento: Se a Crefisa admite a necessidade de mais funcionários ao anunciar contratações, por que demitir trabalhadores, bem avaliados e treinados, que já estão na casa?", indaga Gonçalves.
Ainda de acordo com o representante sindical, aproximadamente 140 trabalhadores atuam na mesa de crédito. Dessa forma, as seis demissões representam um corte de quase 5% do departamento em poucos dias, prática que não condiz com o histórico de desligamentos e, ainda mais, com a situação financeira da empresa.
"A Crefisa teve um lucro líquido acumulado de R$ 3 bilhões nos últimos seis anos. Com tamanha lucratividade, gerada pelo esforço dos financiários, não há motivo para esse volume de demissões em um espaço tão curto de tempo. Uma das funcionárias foi demitida porque não podia trabalhar até às 19h em apenas dois dias da semana, pois tinha compromissos com seus filhos. Essas demissões sem critério trazem uma situação insustentável que não pode continuar", afirma Marcelo Gonçalves.
Horas extras
A jornada extenuante, a sobrecarga de propostas para serem analisadas e aprovadas e o excesso de horas extras são outros graves problemas que vêm gerando denúncias na Crefisa. Conforme informado ao Sindicato, tem sido recorrente a ocorrência de jornadas de 10 horas de trabalho na mesa de crédito, incluindo trabalho aos sábados. Isso representa uma jornada desgastante, com mais de 40 horas semanais de trabalho (veja a tabela). Tal situação é totalmente insuportável e, sobretudo, ilegal, considerando que a jornada dos analistas de crédito é de seis horas/dia.
Tabela sobre a Jornada de Trabalho insustentável na Crefisa, de 18 a 23 de novembro
Além das longas jornadas, os empregados necessitam de liberação dos superiores para deixar o local de trabalho, mesmo após o cumprimento de sua jornada diária. Junto a isso, os horários de início e término do expediente estão variando constantemente, deixando os funcionários sem previsibilidade para organizarem sua vida fora do trabalho.
"Cada dia você sai em um horário. Você não tem programação de vida, você tem que ficar ao dispor da empresa sempre", disse um funcionário da mesa de crédito que preferiu não se identificar.
"Com tantas horas extras e violações à jornada de trabalho, a Crefisa está gerando uma verdadeira escala 6x1 ilegal na mesa de crédito. A situação é muito grave, pois usurpa o direito de 'vida além do trabalho', como reivindica o movimento nacional de mesmo nome. Por isso, a reunião do dia 27/11 é de notável e vultosa importância para a obtenção de soluções concretas para superar a insustentável situação. Usaremos todos os meios necessários para acabar com esse cenário adoecedor", afirma o representante sindical Marcelo Gonçalves.