São Paulo – Mais de 27 mil espectadores, muitos dos quais jamais tinham assistido a um filme na telona, prestigiaram as sessões gratuitas do CineB, ao longo de seus quatro anos de existência. O projeto, uma parceria entre o Sindicato e a Brazucah Produções, já levou cinema nacional de qualidade para dezenas de comunidades carentes da Grande São Paulo, com a realização de 200 sessões entre 2007 e 2011.
Só este ano, o CineB projetou curtas e longas brasileiros em 45 sessões, e alcançou público de 5.717 pessoas, em bairros de todas as regiões da capital e alguns municípios próximos. Mas a atuação do projeto em 2011 foi além da divulgação da sétima arte produzida no país, e contou com o lançamento do II Prêmio CineB do Cinema Brasileiro e do primeiro CD do Selo CineB, em agosto. O CD, uma compilação de curtas metragens que foram exibidos pelo projeto, tem sido sucesso de venda após cada sessão, e o dinheiro arrecadado – o valor do CD é R$ 5 – é destinado aos diretores dos filmes.
Latinos – Outra novidade deste ano foi a participação do projeto no II Encontro da Rede de Cinemas Itinerantes da América Latina, que aconteceu no Memorial da América Latina, durante o VI Festival de Cinema Latino Americano, em julho. O CineB foi responsável pela exibição dos filmes durante o encontro e ainda produziu a abertura oficial do evento, com projeção, ao ar livre, do curta nacional Vida Maria.
Este ano também ocorreram exibições em locais inusitados. Uma delas em um estacionamento na Luz, que contou com um público de mais de 100 pessoas. Houve também uma sessão em uma galeria de lojas do bairro de Santo Amaro, que contou com sorteio de brindes doados pelos comerciantes, e ainda uma exibição no interior de uma igreja em Campo Limpo.
Transformação – Além de divulgar e vencer preconceitos do público em relação ao cinema brasileiro, o projeto ainda promove mudanças nas comunidades por onde passa. Foi o que aconteceu na Vila Rica, bairro da zona leste. A Associação de Moradores do bairro, que apesar de seus 52 anos estava esquecida, foi retomada após a visita do CineB, em final de 2009.
“O projeto reuniu as pessoas e deu vida à associação”, conta a presidenta da entidade, Bia Moreno. “Depois das visitas do CineB ao bairro, conseguimos fazer várias coisas. Fomos procurados por um grupo da terceira idade que estava precisando de espaços para realizar suas atividades e hoje esse grupo conta com 80 senhoras. Também já trouxemos peças de teatro e conseguimos manter um projeto de alfabetização de adultos em um colégio que ficava fechado no turno da noite. Além disso, a gente pôde proporcionar o primeiro contato de muitas pessoas com o cinema. Hoje as sessões do CineB no bairro são famosas e não reúnem menos de 150 pessoas”, conta ela.
Andréa Ponte Souza - 22/12/2011
